Um jornalista australiano, David Allegretti, de Melbourne, resolveu realizar uma experiência que, a princípio, pode parecer o sonho de muita gente: passar uma semana comendo apenas Nutella, um creme de avelã produzido pela marca Ferrero.
Para isso, ele se inspirou em um documentário chamado “A Dieta do Palhaço”, em que o produtor, Morgan Spurlock, passa um mês comendo apenas lanches do McDonald’s, para reportar os efeitos da dieta.
Logo, Alegretti decidiu que viveria toda uma semana se alimentando apenas de creme de avelã e líquidos (que não fossem substitutos alimentares) e relatou toda a experiência em um artigo escrito para a revista Vice em abril deste ano. Assim, apesar de sentir-se receoso, resolveu seguir em frente.
Dia 0 (Peso 66 quilos)
A primeira noite, que começou em um sábado, ele disse ter passado com facilidade. O jornalista teria andado com um amigo pela cidade e devorado o primeiro pote de Nutella em poucas horas, alegando sentir-se melhor do que estava.
Dia 1 (65,9 Kg)
No domingo de manhã, ele iniciou as refeições com o creme, e disse não ter estranhado porque já estava acostumado a consumir o produto no café da manhã. Horas depois, ele foi até um parque com os amigos, onde bebeu apenas uísque. Mais tarde, pelas 19 horas, seu organismo começou a sentir a diferença da nova dieta. Ele escreveu que, ao achegar em casa, foi direto para o banheiro vomitar, expelindo algo que aparentava ser ácido e marrom.
Dia 2 (64,8 Kg)
Já pelo segundo dia da experiência, ele relatou ter sentido a cabeça “martelar”, além disso, tudo o que desejava era comer uma pizza. Ao se levantar, a primeira coisa que fez foi ir para o banheiro, pois estava com diarreia. Ele contou que, além da fome, sentia-se fraco e sem energia. Apenas em imaginar a Nutella descendo pelo esôfago, experimentava ânsias de vômito.
Dia 3 (64,4 Kg)
Após três dias, ele contou que seu olfato tinha se tornado mais aguçado. Sentia cheiro de alimentos salgados com mais facilidade e tudo o que desejava agora era um hambúrguer. Ao chegar ao trabalho, foi direto para o banheiro. Depois, se preparou para tomar seu café da manhã. No final da tarde, aparentava estar doente e sequer conseguia digitar, pois, de acordo com ele, seu cérebro não conseguia coordenar as ações.
Dia 4 (63,9)
Apesar de ter de comparecer à faculdade nesse dia, não conseguiu sair de casa. No início da tarde, o editor da revista entrou em contato por telefone e o jornalista disse estar pensando em cancelar o experimento, pois estava preocupado com sua saúde. Alegretti disse ter considerado desistir, mas, como tinha ido tão longe, não ia parar. Afinal, “ninguém nunca iria ler a história de uma pessoa que ficou três dias comendo Nutella”.
Então, para melhorar sua situação, pensou em formas diferentes de consumir o produto. Assim, primeiramente o congelou, mas disse que o gosto não tinha mudado muito. Depois, decidiu derreter o creme no café, o que aparentemente deu certo, já que agora ele recomenda a mistura a todo mundo.
Dia 5 (63,8 Kg)
No quinto dia, ele disse que estava “pirando” e que achava incrível como algo simples, como comida, pudesse ter um efeito tão impactante na saúde mental de uma pessoa. Ele contou ter vivido um estado de “quase insanidade”, em que nada era real e sua concentração era praticamente nula. A única coisa que considerava fazer era encarar a parede e pensar em dormir.
Dia 6 (63,5 Kg)
Quase chegando ao fim do experimento, ele contou que a única coisa que sua mente conseguia pensar era: “Amanhã vou poder comer”. Na mesma noite, passou na casa de um amigo em Melbourne, onde acenderam uma fogueira em volta da qual se sentaram para passar o tempo. Alegretti escreveu que a atividade o deixou com uma mistura de expectativa, alegria e ressentimento.
Dia 7 (63 Kg)
Em seus relatos, ele disse que nunca se esqueceria dessa manhã de sábado, a última do experimento. O jornalista comparou sua alegria como a de uma criança de 8 anos, que acorda cedo em uma manhã de Natal. Pulou da cama, feliz e em completo delírio festejando o feito. Para comemorar, preparou um sanduíche gigante que mal conseguia colocar na boca.
Alegretti reportou que a semana que passou comendo apenas Nutella foi a mais “emocionalmente diversa” de sua vida, pois, em momentos estava em “um poço de tristeza”, enquanto em outros estava alegre e hiperativo. Além da fome, a falta de concentração se mostrou um grande desafio, já que parecia ter perdido completamente o contato com a realidade. Ele contou ainda que chegou a passar noites em claro andando pelo seu apartamento se questionando se tudo o que estava fazendo valeria a pena.
Como era de se esperar, disse ficaria um bom tempo sem gostar de Nutella, mas não descartou a possibilidade de comê-la novamente. “Volte a me perguntar daqui a alguns meses”, disse.