Um homem de Queensland, na Austrália, foi preso após ser flagrado produzindo artesanalmente óleo da planta Cannabis sativa (maconha) para tentar ajudar um amigo em estágio terminal.
Shayne Allan Marks, 58 anos, já possuía uma passagem na polícia em dezembro de 2016 após também ser pego produzindo óleo de maconha para outro amigo que havia descoberto um câncer em estágio terminal e tentava ajudá-lo de forma alternativa.
À época, Allan recebeu uma severa advertência do juizado e uma multa superior ao equivalente a R$ 9.000, em troca de não ser condenado criminalmente, de acordo com publicação do jornal Cairns Post.
Desta vez, Allan foi preso novamente pelo mesmo crime, produzindo óleo de Cannabis sativa para outro amigo, que também estava em estágio final de sua doença e sofria desde 2017. O advogado de defesa, Josh Trevino, comentou à imprensa que seu cliente apenas estava aplicando um código moral compartilhado por muitos australianos, onde a consciência de um ato caridoso supera qualquer existência de lei vigente.
O Tribunal Distrital de Cairns, no entanto, foi categórico e disse que Allan poderia ir para a prisão por suas boas intenções de aliviar o sofrimento de seus amigos usando maconha, pois isso vai contra as leis e regras do país.
A polícia invadiu a casa de Allan e encontrou 5,3 kg de maconha e equipamentos de laboratório onde ele usava para extrair o óleo. O tribunal comentou ainda que existem provas que ele havia dado o produto ilegal para uma terceira pessoa na comunidade, sempre com o intuito de aliviar dores e desconfortos ocasionados por doenças.
O advogado pediu, anteriormente, que a sentença seja suspensa, argumentando que Allan sabia dos riscos em ser preso, mas só queria fazer o bem: “Não é um caso em que ele seja viciado ou drogado. Suas intenções eram apenas equivocadas”, comentou.
A defesa prossegue: “Ele encontrou uma ligação moral […], os amigos em estágio terminal o pediram ajuda para aliviar suas dores e medos, fornecendo-lhes o óleo. Ele sabia que havia sido condenado pouco tempo antes, mas tomou a decisão de ajudar”, disse Trevino.
Durante o julgamento, o tribunal ficou sabendo que o amigo de Allan havia morrido, por consequência de um agressivo melanoma (câncer de pele) que sofreu metástase e atingiu o cérebro. Allan se declarou culpado por estar em posse de maconha e por possuir equipamentos para processá-la – seu objetivo era o óleo, onde possui altas doses de CDB, ou canabidiol, molécula com propriedades contra o câncer e diversos benefícios à saúde.
O veredicto: “Espero que você esteja percebendo o processo perigoso que está envolvido. Você precisa parar com este comportamento no futuro, por mais bem-intencionado que seja, ainda é um crime”, afirmou o juiz Dean Morzone QC.
Allan teve a condenação de 9 meses de reclusão suspensa e não foi obrigado a pagar nova multa.
[ Fonte: Daily Mail ]
[ Foto de Capa: Montagem Jornal Ciência ]