Bactéria que come carne humana está se espalhando na Austrália através de gambás e mosquitos 

Cientistas querem entender aumento de casos de úlcera de Buruli, doença bacteriana que pode causar grandes feridas abertas e levar à desfiguração.

de Thuany Motta 0

As úlceras de Buruli começam como uma picada inocente de inseto — mas logo, a área afetada pode se tornar gangrenosa em questão de dias se não for tratada.

Essa condição é causada pela bactéria Mycobacterium ulcerans, também chamada de bactéria do Buruli é um inimigo conhecido da Organização Mundial da Saúde (OMS), tendo sido relatada em 33 países da África, Américas, Ásia e Pacífico Ocidental. Este microrganismo é da mesma família de bactérias que causa tuberculose e hanseníase.

De acordo com a OMS, a forma como a doença se espalha para os humanos permanece desconhecida, mas uma teoria gira em torno das fezes de gambá, com várias espécies tendo testado positivo para M. ulcerans no passado.

Gambás são vítimas do ataque desta bactéria.

Agora, novos casos da doença estão ressurgindo na Austrália, que tem surtos anuais do problema, mas o de 2021 é incomum, pois — de acordo com um relatório da ABC News Australia — esta é a primeira vez que a bactéria se espalhou localmente em uma parte não costeira do país.

Alguns cientistas da Universidade de Melbourne sugerem que as úlceras de Buruli podem ter passado para os humanos da mesma forma que a COVID-19 e outras doenças zoonóticas. Outro caminho seriam os mosquitos, que contraem a doença ao entrar em contato com fezes de gambás e, em seguida, passam para o homem, picando-o.

A infecção típica começa com uma área localizada de vermelhidão e irritação, tornando o diagnóstico precoce mais complicado devido à sua semelhança com uma simples picada de inseto.

A úlcera logo piora, corroendo progressivamente a pele, que pode se tornar tão grave a ponto de expor o osso se não for tratada. Um conjunto forte de antibióticos deve interromper a propagação, mas não pode resgatar o tecido morto, que precisa ser retirado por um profissional médico para evitar complicações futuras.

Por enquanto, em comunicado à imprensa, o governo australiano permanece dizendo apenas que as investigações sobre as origens da doença continuam — sem dar mais detalhes.

As imagens das úlceras de Buruli em estágio avançado são muito fortes e podem ser desagradáveis para alguns leitores, por isso optamos por não mostrá-las nesta reportagem.

Fonte(s): IFLScience Imagens: Reprodução / IFLScience / J Buntini via OMS

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