Implante está sendo desenvolvido para aumentar a capacidade de memória

de Merelyn Cerqueira 0

Theodore Berger, um professor de Engenharia Biomédica da Universidade de Southern Califórnia, nos EUA, anunciou estar trabalhando para levar ao mercado uma forma de “realçar” a memória humana.

O projeto, de acordo com o site Big Think, fala sobre uma prótese que seria implantada no cérebro, funcionando como um hipocampo extra. A notícia fica mais interessante: um protótipo já está sendo testado em seres humanos. Em sua forma natural o hipocampo é uma estrutura localizada nos lobos temporais do cérebro, está associado a memória, sistema límbico e navegação espacial. Já a forma artificial, em que Berger tem trabalhado há 10 anos, funciona como um dispositivo para a conversão de memórias de curto-prazo em longo-prazo, armazenando-as no processo.

A pesquisa de Berger foi muito encorajada até agora. Os primeiros testes foram realizados em coelhos, que eram ensinados a associar um tom de áudio com um sopro de ar administrado diretamente na cara do animal, fazendo-o piscar. Então, por meio de eletrodos ligados a eles, Berger observou padrões de atividades, chamadas de “código espaço-tempo”, disparadas pelo hipocampo do coelho em um momento específico.

À medida que o código do espaço-tempo se propaga nas diferentes camadas do hipocampo, ele gradualmente é transformado em um código diferente”, explicou. Com o treinamento, o tom sozinho foi suficiente para o hipocampo produzir um código baseado na versão inicial, fazendo o coelho piscar.

Segundo ele, a maneira pela qual o hipocampo estava processando a memória do coelho e produzindo o código espaço-tempo recordável, se tornou suficientemente previsível para que fosse capaz de desenvolver um modelo matemático simulando o processo. A partir deste ponto, Berger pôde construir um hipocampo artificial, uma prótese experimental, para testar suas observações.

Ao treinar ratos para pressionarem uma alavanca com eletrodos de monitoramento do hipocampo, o pesquisador conseguiu códigos de espaço-tempo correspondentes. Ao executar esses códigos através de seus modelos matemáticos, enviando-os de volta para os cérebros dos ratos, seu sistema foi validado conforme os roedores pressionavam a alavanca.

Todas essas próteses que interagem com o cérebro têm um desafio fundamental”, disse Dustin Tyler, professor de Engenharia da Case Western Reserve University, para a Wired. “Existem bilhões de neurônios no cérebro e trilhões de conexões entre eles que os fazem trabalhar juntos. Tentar encontrar uma tecnologia que atinge essa massa de neurônios e ser capaz de se conectar com eles em um nível razoavelmente de alta resolução é algo complicado”.

No momento, o dispositivo está sendo testado em humanos e, de acordo com Berger, os resultados iniciais são promissores. “Vamos prosseguir com o objetivo de comercializar a prótese”. Ele imagina que os consumidores iniciais sejam pacientes com problemas de memória, incluindo os que sofrem de Alzheimer, vítimas de AVC ou lesões cerebrais. Com a aplicação do minúsculo dispositivo no hipocampo, os neurônios responsáveis por memorias de curto-prazo seriam estimulados a transformá-las em de longo-prazo.

[ Big Think ] [ Fotos: Reprodução / Big Think ]

Jornal Ciência