Aditivos alimentares podem estar causando câncer em você?

de Gustavo Teixera 0

De acordo com um novo estudo publicado na revista norte-americana, Cancer Research, os emulsificantes adicionados à maioria dos alimentos processados, para ajudar na textura e prolongar a vida útil, podem alterar as bactérias intestinais de uma forma que promovem a inflamação intestinal e câncer colorretal, mais conhecido como câncer de colón.

As descobertas mostram que camundongos que tiveram consumo regular de emulsionantes dietéticos desenvolveram o tumor. O estudo foi conduzido pelos Drs. Emilie Viennois, Didier Merlin, Andrew T. Gewirtz e Benoit Chassaing, pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Estadual da Geórgia, nos Estados Unidos.

O câncer de cólon é a quarta causa de mortes mais relacionadas ao câncer em todo o mundo, sendo responsável por cerca de 700.000 mortes em 2012. Há uma consciência crescente de que a microbiota intestinal, a vasta e diversa população de microrganismos dos intestinos humanos, são fatores pontuais para o desenvolvimento do câncer de cólon. A microbiota é também um fator chave no surgimento da Doença de Crohn, que é uma doença crônica no intestino, e colite ulcerativa, que são as duas formas mais comum de Doença Inflamatória Intestinal (DII). A DII é conhecida por promover a tumorigênese do cólon e deu origem ao termo “câncer associado à colite“.

A Inflamação de baixo grau, uma condição mais prevalente do que a DII mostrou estar associada com a composição alterada de microbiota intestinal e doença metabólica, além de ser observada em muitos casos de câncer de cólon. Estas descobertas recentes sugerem que os emulsionantes dietéticos podem ser parcialmente responsáveis por essa associação.

“A incidência de câncer de cólon tem aumentado acentuadamente desde meados do século 20”, disse Viennois, professor assistente no Instituto de Ciências Biomédicas. “Uma característica fundamental desta doença é a presença de uma microbiota intestinal alterada que cria um nicho favorável para a tumorigênese“.

O aumento dramático dessas doenças ocorreu em meio à constante genética humana, sugerindo um papel fundamental para um fator ambiental“, disse Chassaing, professor assistente do Instituto de Ciências Biomédicas.

Relatórios anteriores da equipe de pesquisa do estado da Geórgia sugeriram que inflamação de baixo grau no intestino é causada pelo consumo de emulsificantes dietéticos, que são moléculas de tipo detergente incorporadas na maioria dos alimentos processados que alteram a composição da microbiota intestinal. A adição de emulsionantes aos alimentos parece ajustar-se ao período de tempo, e, aparentemente pode promover a translocação bacteriana através das células epiteliais. Viennois e Chassaing levantaram a hipótese de que os emulsionantes podem afetar a microbiota intestinal de uma forma que promova o câncer de cólon. Eles projetaram experimentos em camundongos para testar essa possibilidade.

Neste estudo, a equipe alimentou camundongos com dois emulsificantes muito comumente usados, o polissorbato 80 e carboximetilcelulose, em doses que procuram modelar o consumo dos numerosos emulsionantes incorporados na maioria dos alimentos processados. Os pesquisadores observaram que o consumo dos aditivos alterou drasticamente a composição da microbiota intestinal, tornando-a mais propensa a inflamar. Em outras palavras, criando um cenário ideal para o desenvolvimento do câncer. Alterações em espécies bacterianas resultaram em bactérias que expressam mais flagelina e lipopolissacarídeo, que ativam a expressão do gene pró-inflamatório pelo sistema imunológico.

Ao usar um modelo bem estabelecido de câncer de cólon, os pesquisadores observaram que o consumo de emulsificante foi suficiente para tornar os animais mais suscetíveis ao desenvolvimento de tumores do cólon porque isso criou e manteve um ambiente pró-inflamatório associado à proliferação. Este estudo demonstrou que as alterações induzidas pelo aditivo no microbioma eram necessárias e suficientes para conduzir alterações na homeostase das células epiteliais intestinais, que é apontado como responsável pelo desenvolvimento tumoral.

Em geral, essas descobertas endossam o conceito de que modificar as interações entre hospedeiro e microbiota causa inflamação intestinal de baixo grau e, consequentemente pode promover o câncer de cólon. Agora, a equipe está investigando especificamente quais os membros da microbiota estão desencadeando este efeito prejudicial.

Fonte: [ Medical xpress ] Foto: Reprodução / Martha Sexton / Public Domain ]

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