A dopamina no cérebro da mãe a ajuda a se relacionar com o bebê

de Julia Moretto 0

A dopamina, o neurotransmissor envolvido no sistema de recompensa do cérebro, ajuda a facilitar a ligação humana, segundo nova pesquisa. O estudo envolveu o estudo do cérebro de 19 mães para descobrir quais regiões estavam ativas quando assistiram a vídeos de seus bebês.

 

A pesquisa poderia ajudar a desenvolver terapias para depressão pós-parto e outras doenças do sistema da dopamina, como doença de Parkinson, vício e disfunção social.  Os pesquisadores, da Northeastern University, descobriram que o nível de dopamina da mãe está ligado ao seu grau de sincronia com o bebê, bem como à força de conexão dentro da rede do cérebro chamada de rede amígdala medial – que apoia a afiliação social. 

 

Descobrimos que a afiliação social é um poderoso estimulador da dopamina“, disse Lisa Feldman Barrett, professora de Psicologia na Northeastern University e principal autora da pesquisa. Esta ligação implica que as relações sociais fortes têm o potencial de melhorar seu resultado se você tiver uma doença, tal como depressão, quando a dopamina é comprometida”, completou. 

 

O estudo sugere que cuidar dos outros, e não apenas receber cuidados, pode ter a capacidade de aumentar os níveis de dopamina. Além disso, Barrett disse que a pesquisa mostra que os processos no cérebro da mãe estão ligados ao comportamento que dá ao filho a entrada social que eles precisam para seu cérebro ter um começo saudável.

 

Isso significa que a capacidade dos pais em cuidar dos filhos leva a um desenvolvimento ideal do cérebro, o que ao longo dos anos resulta em uma melhor saúde e maior produtividade dos adultos“, disse a professora. Para realizar o estudo, os pesquisadores usaram uma máquina capaz de fazer dois tipos de exames de ressonância magnética simultaneamente – ressonância magnética funcional (fMRI) e tomografia por emissão de pósitrons (PET). 

 

FMRI analisa o cérebro em fatias – de frente para trás – rastreando o fluxo de sangue em todas as partes, revelando como diferentes regiões do cérebro estão ativas e como se conectam em redes.  O PET usa um corante radioativo, chamado de traçador, na corrente sanguínea junto com uma câmera e um computador para gerar imagens mostrando a distribuição de um neurotransmissor específico– como a dopamina ou mesmo opioides.

 

Antes de realizar os exames, os pesquisadores gravaram vídeos das mães em casa, interagindo com seus bebês. Eles aplicaram medidas aos comportamentos da mãe para determinar seu grau de sincronia com os filhos, e gravaram os bebês brincando por conta própria. Uma vez que as mães estavam sendo examinadas, assistiam ao vídeo de seu bebê brincando sozinho, seguido por outro vídeo de um bebê que não sabia brincar desacompanhado. 

 

Os pesquisadores descobriram que as mães que eram mais sincrônicas com seus próprios bebês mostraram um aumento da resposta de dopamina quando viram seu bebê brincando, bem como uma conectividade mais forte dentro da rede da amígdala medial.  Estudos em animais mostraram o papel da dopamina, mas esta foi a primeira evidência científica de que ela está envolvida na ligação humana“, disse professor Barrett.

 

Isso sugere que outras pesquisas com animais nesta área poderiam ser aplicadas diretamente a seres humanos “, disse ela. A pesquisa mostra que os ambientes sociais podem ter um impacto no cérebro em desenvolvimento, eque a saúde futura das pessoas é afetada pelo cuidado que recebem quando bebê. 

[ Daily Mail ] [ Fotos: Reprodução / Daily Mail ]

Jornal Ciência