A cidade de Wittenoom, na Austrália, é considerada uma cidade linda e com um ótimo clima, mas há algo obscuro por baixo da superfície da cidade: substâncias tóxicas.
Localizada na região de Pilbara, Wittenoom foi um dos melhores locais de mineração de amianto azul do mundo, fazendo com que muitas famílias migrassem para a área em busca de emprego. Também conhecido como amianto crocidolita, o amianto azul foi uma mercadoria valiosa usada para proteção contra incêndios em telhas, isolação, trabalho elétrico, caixas de bateria e outros objetos.
Porém, o amianto do local pode causar doenças fatais, pois as fibras de crocidolita são tão finas quanto um fio de cabelo, facilmente inaladas. Elas podem ser responsáveis por mais mortes do que qualquer outro tipo de amianto. Em Wittenoom, os trabalhadores e suas famílias pensavam que o local era seguro, e como resultado, muitas pessoas morreram por causas relacionadas.
A indústria de mineração em Wittenoom foi interrompida em 1966, não por razões de saúde, e sim econômicos. A empresa que detinha as minas atolou-se em dívidas e precisou encerrar as atividades. Na verdade, preocupações com a saúde não foram realmente abordadas até o fim dos anos 70, quando o governo começou a tomar medidas para fechar a cidade completamente.
Prédios foram demolidos, o aeroporto foi fechado e os moradores foram convidados a sair. Em 1992, menos de 50 cidadãos permaneceram no local e, em 2007, o número caiu para oito. Hoje, apenas três corajosos moradores ainda vivem em Wittenoom.
Os motivos pelos quais as três pessoas continuaram vivendo na cidade – que ainda está repleta de materiais cancerígenos, sem eletricidade, água e literalmente apagada de mapas pelo governo por conta do perigo – são diversos.
Peter Heyward, residente há mais de duas décadas, permanece por conta da natureza e da “quietude silenciosa” dos arredores. “As colinas, as planícies, o silêncio. Desde então, muitos edifícios foram destruídos, e agora ele tem uma vista perfeita da Cordilheira de Hamersley.
Mario Hartmann não gostou da quantidade de dinheiro que o governo ofereceu a ele para que deixasse o local. Foi oferecida a quantia de 40 mil dólares (cerca de 160 mil reais) e 10 mil dólares para a migração (cerca de 40 mil reais). “O que você pode comprar com 40 mil dólares? Eles terão de oferecer 400 mil, que é o que preciso para comprar uma casa em outro lugar”, disse.
Neste ano, Lorraine Thomas, moradora de Wittenoom há mais de 30 anos, se recusa a deixar o local por não se assustar com o amianto. “É apenas a poeira que é perigosa”, disse ela, acreditando que a ameaça já se dissipou após o encerramento das minas. Um relatório oficial discorda, dizendo que o risco para os turistas (cerca de 40 por dia) e residentes é “extremo”.
Nenhum dos residentes possui quaisquer doenças relacionadas com o amianto que ainda paira na área. Há um documentário feito quando a cidade ainda possuía 8 habitantes, que você pode assistir abaixo com o áudio em inglês:
[ Fonte: Mental Floss ]
[ Foto: Reprodução / Wikipédia ]