Descubra as 16 tendências históricas sobre moda e beleza que levavam à morte

de Redação Jornal Ciência 0

A história da moda é repleta de tendências que, ao longo dos séculos, demonstraram não apenas estilo, mas também riscos à saúde. Do século 15 até a era contemporânea, vestuários e acessórios poderiam ser perigosos para quem buscava a estética e aceitação social. 

Neste contexto, exploraremos 16 dessas modas históricas revelando como o desejo de estar antenado com as novidades impostas envolvia sacrifícios e perigos surpreendentes. Acompanhe-nos nessa jornada através do tempo e vamos juntos descobrir o preço da elegância ao longo dos séculos.

1 — Cabelo e maquiagem radioativos

O que era? A primeira metade do século 20 testemunhou a presença do elemento rádio em uma variedade de produtos, desde relógios até loções, batons e pós-faciais. O uso de rádio na maquiagem tornou-se popular, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa Ocidental. Acredita-se que produtos contendo rádio proporcionavam, literalmente, uma tez luminosa às usuárias, já que alguns cosméticos brilhavam no escuro. 

No entanto, até a década de 1940, o entusiasmo pelo rádio havia em grande parte desaparecido, embora alguns produtos cerâmicos e de vidro ainda contivessem esse ingrediente até a década de 1970.

Por que era perigoso? O rádio é um elemento químico radioativa que pode causar danos severos ao corpo humano. Para as mulheres que ingeriram produtos contendo rádio, as consequências eram frequentemente devastadoras.

Lesões, anemia, esterilidade, perda de dentes, decomposição dos ossos da mandíbula e tumores faciais eram apenas alguns dos efeitos colaterais sofridos por envenenamento por radiação. Quando ingerida, a substância química que continha o rádio conseguia corroer o interior da pessoa. Muitos casos de ingestão acidental levaram à morte.

2 — Verde de Scheele à base de Arsênico

O que era? Em 1775, o químico sueco Carl Scheele descobriu que a combinação de arsenito de sódio e sulfato de cobre produzia um pigmento verde brilhante. Após a descoberta, o novo pigmento, que ele chamou de “Verde de Scheele”, tornou-se imediatamente popular. Foi usado em pinturas, brinquedos, papel de parede, vestidos, tecidos e uma variedade de outros produtos. Essa mistura em particular foi utilizada até o final do século 19, quando foi eventualmente substituída pelo verde de cobalto.

Por que era perigoso? A combinação de produtos químicos utilizados para produzir a cor verde era uma mistura letal. Um contato próximo e prolongado com a substância levava ao envenenamento por arsênico, que se manifestava inicialmente com irritação da pele, náuseas, dores de cabeça, cólicas e lesões na pele que formavam bolhas e exsudavam. Conforme o envenenamento progredia, o corpo da pessoa era destruído de fora para dentro.

Um relato descreve o caso de uma jovem que morreu de envenenamento por arsênico, apresentando espuma na boca, no nariz e nos olhos, além de vomitar um líquido verde repugnante. Suas unhas e seus olhos haviam se tornado verdes. Ela havia trabalhado anteriormente como pintora de adornos, usando o Verde de Scheele para aprimorar flores para mulheres ricas.

3 — Pés de Lótus

O que era? O pé de lótus era popular entre as mulheres na China a partir do século 8. O ritual envolvia a quebra dos ossos dos dedos e a curvatura dos dedos sob o pé. Os pés eram então envolvidos e forçados a cicatrizar nessa posição, deformando-os permanentemente.

A prática acreditava tornar as mulheres mais desejáveis, uma vez que se tornavam “objetos” de ostentação nas casas de seus maridos, incapazes de andar ou realizar qualquer trabalho. Os passos curtos que podiam dar eram considerados delicados e femininos. Há relatos que algumas culturas em comunidades rurais chinesas ainda praticam a deformação.

Por que era perigoso? As poucas mulheres que se curavam das deformações sofriam graves problemas de mobilidade e dores constantes ao longo da vida. Para muitas, a quebra e a curvatura forçada dos dedos embaixo dos pés causavam graves problemas de circulação, resultando no suprimento sanguíneo inadequado para os dedos.

Os dedos, então, ficavam lentamente pretos e apodreciam, caindo eventualmente por necrose. Nesse ponto, a gangrena facilmente se estabelecia e começava a corroer o restante do pé. Conforme a infecção avançava para o sistema sanguíneo, muitas mulheres morriam de infecção generalizada decorrente das feridas abertas.

4 — O Chapéu de mercúrio

O que era? Durante o século 17, os fabricantes de chapéus franceses descobriram que substâncias derivadas de mercúrio amaciavam as peles de animais, tornando-as facilmente maleáveis. A prática se espalhou rapidamente da França para outros países da Europa Ocidental, pois os resultados do uso de mercúrio eram muito bem-sucedidos. A prática foi proibida somente na década de 1940 porque muitos fabricantes de chapéus haviam ficado com insanidade mental.

Por que era perigoso? O mercúrio afeta o sistema gastrointestinal e o sistema nervoso. A exposição ao calor durante a confecção dos chapéus de feltro liberava vapores de mercúrio, resultando no desenvolvimento da chamada à época de “Doença do Chapeleiro Louco”.

Aqueles expostos experimentavam sintomas fisiológicos que incluíam dores de cabeça, fraqueza e tremores. Mudanças comportamentais incluíam irritabilidade, timidez e instabilidade mental. Os trabalhadores, literalmente, enlouqueciam como consequência de seu trabalho na confecção de chapéus.

5 — Ceruse Veneziano

O que era? O Ceruse Veneziano, também conhecida como “O Espírito de Saturno”, era uma mistura de água, vinagre e chumbo em pó que era usada para alcançar um tom pálido no rosto de quem a usava.

Embora o uso de chumbo na maquiagem remonte à antiguidade grega, romana e egípcia, o Ceruse Veneziano, em particular, tornou-se popular entre a aristocracia europeia (mais notavelmente a Rainha Elizabeth, da Inglaterra) e foi usada do século 16 ao 19. A maquiagem branca espessa era vista como um símbolo de status, indicando que a pessoa podia se dar ao luxo de comprar a mistura e tinha dinheiro o suficiente para não precisar trabalhar ao ar livre.

Por que era perigoso? O uso contínuo dessa maquiagem tóxica poderia levar ao envenenamento por chumbo. Alguns dos efeitos sobre quem a usava incluíam: dores abdominais, náuseas, perda de cabelo, dores de cabeça, anemia e pressão alta.

Em um extremo mais grave, as pessoas que a usavam podiam experimentar paralisia muscular, comprometimento mental, infertilidade, convulsões, danos aos órgãos internos e, eventualmente, a morte por uma combinação de todos os efeitos colaterais. A pele do rosto às vezes apresentava bolhas, descamação, sangramento, exsudação e cicatrizes. Os que a usavam frequentemente tentavam cobrir seus rostos desfigurados com camadas ainda mais grossas de Ceruse Veneziano, o que só piorava o problema.

6 — Colírio de beladona

O que era? No Renascimento na Itália, a beladona, que significa “bela mulher”, era usada para dilatar as pupilas, dando às mulheres o olhar de “olhos de cervo”, que era considerado atraente na época. Essa tendência rapidamente se espalhou para outros países da Europa Ocidental.

Por que era perigosa? A beladona, em todas as suas formas, é altamente tóxica. No extremo menos prejudicial, o uso de colírios de beladona causaria visão turva, cegueira temporária, aumento da frequência cardíaca e irritação nos olhos. Por outro lado, as mulheres podiam experimentar distúrbios mentais, convulsões, cegueira permanente, danos cardíacos e, eventualmente, a morte.

A planta desativa algumas das funções vitais do corpo, como a transpiração, a respiração e a frequência cardíaca. Apesar de seus efeitos muito severos no corpo humano, em quantidades muito pequenas e precisas, a beladona ainda é usada hoje em dia para várias necessidades medicinais, fabricadas com rígido controle farmacêutico.

7 — Lápis de olho de Kohl

O que era? O lápis de olho “Kohl” era uma maquiagem tradicional para os olhos usada em toda a África, Oriente Médio, Paquistão e Índia desde tempos antigos. Antigas culturas, incluindo o Egito, acreditavam que o Kohl protegia os olhos do calor, da areia e de outras doenças.

O delineado preto tornou-se popular no Antigo Egito e na Grécia, e algumas pessoas em certas regiões do mundo continuam a usá-lo, apesar dos perigos conhecidos. Em algumas culturas, a aplicação de Kohl em bebês e crianças era (e ainda é) comum. Algumas fontes dizem que a formulação artesanal atual é diferente.

Por que era perigoso? Os lápis de olho Kohl continham chumbo como aditivo de cor. Níveis elevados de bactérias também eram comuns nos lápis, representando um risco adicional, uma vez que os olhos são uma entrada direta para a corrente sanguínea. Quem usava Kohl poderia sofrer envenenamento por chumbo, uma vez que as membranas oculares são muito finas.

O envenenamento por chumbo pode resultar em anemia, problemas renais, questões de fertilidade, danos neurológicos, convulsões, coma e morte. O uso de Kohl ao redor dos olhos significava que, no mínimo, irritação, infecção e cegueira eram altamente prováveis.

8 — O Corset

O que era? O corset é uma peça de roupa íntima colocada em torno do tronco e do peito, sendo apertado para realçar a cintura e o busto. Ele tem uma longa história que remonta ao final do século 14 e foram usados por mulheres em toda a Europa.

Frequentemente, foram considerados realçadores da beleza feminina, independentemente da classe social, embora inicialmente tenham sido associados à aristocracia. Tornaram-se especialmente populares e perigosos na década de 1890 na Europa Ocidental.

Por que era perigoso? Os corsets eram frequentemente amarrados o mais apertado possível, levando a uma incapacidade de comer ou respirar adequadamente. Eles também podiam romper órgãos internos, causar costelas quebradas e ferir quadris e colunas vertebrais.

O uso a longo prazo distorcia a forma do corpo da mulher, resultando em formas corporais artificiais e dolorosas. Mulheres morreram de várias causas relacionadas aos corsets, incluindo pulmões colapsados, hemorragias internas, asfixia e quedas devido a desmaios. Ajudar uma mulher que estivesse sufocando era muito difícil, uma vez que os corsets eram amarrados ao corpo, sempre com ajuda de outra pessoa, levando muito tempo colocá-los e retirá-los.

9 — Chopines

O que eram? Os chopines eram sapatos femininos criados em Veneza no início do século 16. O sapato apresentava uma plataforma larga feita de madeira ou cortiça destinada a proteger o pé de estradas irregulares e ruas lamacentas, além de dar à usuária mais altura. Eles eram frequentemente cobertos com ouro ou seda e podiam medir até 50 centímetros de altura. A maior altura estava frequentemente associada a um status elevado.

Por que eram perigosos? Não surpreendentemente, os “chopines” criavam instabilidade na caminhada das mulheres, fazendo com que precisassem da ajuda de assistentes, servos ou bengalas para se locomover. O design dos sapatos causava muitos problemas, principalmente envolvendo ossos quebrados, já que era extremamente fácil cair com eles.

A má elaboração dos sapatos também levava a muitos tornozelos torcidos. Em uma época em que infecções poderiam ser fatais e não existiam raios-x, ossos quebrados podiam resultar em mortes lentas e dolorosas. Tudo em nome da beleza, vaidade e status social.

10 — A Crinolina

O que era? A crinolina era uma grande estrutura de aros feitos de arame, vime, aço ou ossos de animais que as mulheres usavam sob seus vestidos para fazer suas cinturas parecerem menores. Os aros serviam para estender os vestidos e exibi-los. Essa armação surgiu pela primeira vez em Paris, em 1856 e, a partir daí, espalhou-se por todo o mundo ocidental.

Por que eram perigosas? As crinolinas vinham em uma variedade de tamanhos e podiam ter de 1,80m a 5,50 metros de diâmetro. A largura do aro tornava extremamente difícil para as mulheres realizar tarefas simples, como entrar e sair de portas ou carruagens. Isso representava grande risco, já que seus vestidos e crinolinas ficavam presos em máquinas ou sob as rodas das carruagens e até pegavam fogo se andassem perto de velas.

Estima-se que mais de 3.000 mulheres na Inglaterra tenham morrido queimadas porque seus vestidos pegaram fogo devido às crinolinas. As mulheres muitas vezes não conseguiam tirar a armação a tempo e só conseguiam sentir o calor das chamas cercando o aro de metal antes de serem completamente consumidas. Aquelas que conseguiam sair dos vestidos a tempo frequentemente sofriam graves queimaduras extensas.

11 — Fontange

O que era? A fontange era um adorno de cabeça que se erguia no topo da cabeça, preso na parte de trás com um arame e com o cabelo disposto no topo, juntamente com fitas, rendas e babados. O adorno alcançava vários metros sendo usado em toda a Europa nos finais do século 17 e início do século 18. Tornou-se especialmente popular após a década de 1680, quando muitos monarcas, incluindo a Rainha Maria II da Inglaterra, adotaram o visual.

Por que eram perigosas? Para manter a fontange em pé, as mulheres faziam de tudo para endurecer seus cabelos. Isso incluía o uso de claras de ovo, amido ou farinha por semanas a fio para garantir que o cabelo mantivesse sua forma. Diversos “bichos”, incluindo piolhos, insetos e camundongos, tornavam-se residentes no cabelo de algumas mulheres.

Algumas dessas peças eram tão altas que facilmente alcançavam a altura de candelabros acesos com velas e podiam pegar fogo, resultando em graves ferimentos. Algumas mulheres da época sugeriam achatar a cabeça de bebês do sexo feminino para prepará-las para o uso futuro de “fontange”, mas a ideia não foi amplamente aceita.

12 — O Colarinho Destacável Edwardiano

O que era? Os colarinhos eduardianos eram altos e usados principalmente por homens no século 19. Eles permitiam apresentar uma nova aparência com a mesma camisa, economizando tempo e dinheiro gastos com lavagem. Homens de todas as classes sociais os usavam, e algumas versões também foram adotadas por mulheres. Diz-se que o estilo de colarinho destacável teve origem em Nova York.

Por que eram perigosos? Na busca por um colarinho perfeitamente rígido, os homens eventualmente abandonaram o uso de amido para engomar as peças e começaram a usar um tipo de plástico. O material deixava o colarinho rígido e não murchava, independentemente das atividades do dia. Os colarinhos eram tão rígidos e, às vezes, eram usados tão apertados, que muitos homens morreram sufocados, ganhando os colarinhos o apelido de “assassinos de pais”.

Eles podiam, em alguns casos, cortar a circulação da carótida, causando inchaço no pescoço e privando lentamente o indivíduo de um suprimento de oxigênio adequado para o cérebro. Os homens perdiam eventualmente a consciência e morriam por asfixia ou por ruptura de vasos sanguíneos.

13 — A peruca de pó

O que era? No século 17, a perda de cabelo devido à sífilis era muito comum na Europa. Isso representava um problema para muitos homens em uma sociedade que acreditava que ter um bom cabelo era um sinal de boa linhagem.

Portanto, quando o Rei Luís 14, da França, começou a perder cabelo, ele ordenou que perucas fossem feitas para ele na tentativa de ocultar os efeitos da sífilis. Seu primo, Carlos II da Inglaterra, logo fez o mesmo. A tendência começou a circular entre a classe aristocrática antes de se espalhar para a classe mercantil. Ela permaneceu popular até o final do século 18.

Por que eram perigosas? As perucas eram extremamente anti-higiênicas e cheiravam muito mal. Elas não eram facilmente laváveis, então ficavam infestadas de piolhos e vermes. Os produtos usados para domar as perucas eram feitos de gorduras animais que ficavam rançosas no cabelo. Farinha ou amido perfumados eram usados para mantê-las brancas, e o uso constante desses produtos criava problemas respiratórios para muitos usuários de perucas. Um nojo!

14 — A Gola Tudor

O que era? As Golas Tudor eram usadas na Europa Ocidental, Central, Norte da Europa e América Espanhola, do meio do século 16 até meados do século 17. Eram comuns pela elite e vistas como um sinal de elegância e status. As golas eram destacáveis e podiam ser usadas com várias roupas, tanto por homens quanto por mulheres. A Rainha Elizabeth I, da Inglaterra, apreciava especialmente as golas e é frequentemente associada a essa peça de vestuário.

Por que eram perigosas? As Golas Tudor eram projetadas para serem o mais rígidas possível, muitas vezes usando arame no colarinho e apertando-as. Isso levava à restrição de movimentos, sufocamento e limitação da visão. Incapazes de enxergar ao redor, os usuários poderiam tropeçar e cair.

15 — Poulaines

O que era? Cracóvias, também conhecidos como Poulaines, eram sapatos extremamente pontiagudos que originaram na Polônia. Os sapatos de couro eram usados por homens ricos nos séculos 14 e 15 e, em seu comprimento máximo, podiam medir até 12 centímetros além dos dedos do usuário. Às vezes, era necessário um elo fino para conectar as pontas dos sapatos aos joelhos, a fim de permitir a locomoção. Os sapatos foram nomeados de “Cracóvia” em homenagem a uma vila na Polônia.

Por que eram perigosos? O uso contínuo do sapato pontiagudo empurrava os ossos dos pés, resultando em mobilidade limitada, dor intensa e, em última análise, deformidade. Restos esqueléticos da época mostram deformação dos dedões e calosidades nos pés causadas pelos sapatos extravagantes.

16 — Sapatos Plataforma

O que era? Sapatos plataforma foram usados ao longo da história, mas se tornaram especialmente populares nas décadas de 1960 e 1970. Desde astros do rock até estudantes do ensino médio, muitos se envolveram na tendência. Alguns sapatos tinham mais de 30 centímetros de altura e eram feitos de madeira. Embora a tendência tenha atingido o auge na década de 1970, variações continuam populares até hoje.

Por que eram perigosos? Os sapatos interferem na forma natural como as pessoas andam causando problemas que vão desde os dedos dos pés até os quadris. Lesões devido a quedas, dores nos joelhos, pés deformados e tornozelos quebrados eram apenas alguns dos perigos enfrentados pelos usuários das plataformas. ©Todos os direitos reservados. Proibida a cópia e reprodução sem autorização por escrito da PLUG Network.

Fonte(s): Ranker Imagem de Capa: Reprodução / Jornal Ciência Foto(s): Reprodução / Rama / Esquiremag / RedBubble / SquareSpace / Reddit / Our Warwickshire / Slate e Redes Sociais

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