Xarope de milho rico em frutose, adicionado aos alimentos industrializados, está matando você. Saiba por que você deveria evitá-lo!

A alta frutose adicionada, como em embutidos ultraprocessados e em centenas de alimentos industriais, pode ter sérias consequências à saúde, incluindo esteatose hepática não alcoólica, gerando cirrose, o que pode ser fatal. Diversas outras doenças também estão associadas. Entenda mais sobre o xarope de milho rico em frutose e suas consequências

de Redação Jornal Ciência 0

Ele é encontrado na maioria dos alimentos industrializados: refrigerantes, sucos, enlatados, sorvete, iogurte, pão, cereais, geleias, ketchup, molhos, e até mesmo vitaminas e suplementos.

O xarope de milho, conhecido como HFCS (sigla em inglês para Xarope de Milho Rico em Frutose), é uma conexão direta para a obesidade, diabetes e doenças cardíacas.

Você pode olhar a extensa lista de alimentos e argumentar que é praticamente impossível evitá-lo, já que é presença garantida na maioria dos produtos industrializados (incluindo carnes e derivados embutidos) e ultraprocessados.

Raríssimas são as exceções dos alimentos ou produtos alimentícios manipulados em processos industriais que não utilizam o xarope de milho para compor o paladar e agradar os consumidores.

No entanto, o xarope de milho é riquíssimo em frutose (o açúcar mais doce que existe) e ao contrário do que acontece com a glicose — que estimula a produção de insulina para diminuir o nível de açúcar no sangue — a frutose não é capaz de produzir o mesmo efeito no pâncreas, embora algumas pesquisas tentem contestar isso.

Em vez disso, a frutose vai funcionar como uma espécie de suporte para a produção dos triacilgliceróis — óleos e gorduras.

Sendo assim, quanto maior o nível de frutose no sangue, maior será a produção desses triacilgliceróis, capazes de impedir que o hormônio Leptina (responsável pela sensação de saciedade) chegue ao cérebro.

O resultado dessa fórmula complicada é bem simples: obesidade e risco de doenças cardíacas. Sem Leptina, o cérebro não envia sinais para que a pessoa pare de comer e continua sentindo que “pode ir além” ou se vicia e come de modo compulsivo.

Além disso, se associarmos questões de ordem da saúde mental, como a ansiedade, a vontade desenfreada em comer produtos industriais com mais frutose, só aumenta.

Um estudo realizado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e pela Universidade de Utah, publicado no Journal of Nutrition, comprovou que ratos alimentados com uma dieta de alta frutose, em comparação com ratos alimentados com glicose, eram incapazes de atingir idade adulta.

Entre os ratos machos, foram observados casos de anemia, colesterol alto e hipertrofia cardíaca. Em alguns deles, foram notados que os testículos não se desenvolveram corretamente.

Já nas fêmeas, os resultados não foram tão drásticos, no entanto, elas eram incapazes de gerar filhotes que pudessem nascer vivos.

Segundo o Dr. Meira Field, responsável pelo estudo, “todas as células do organismo podem metabolizar a glicose, no entanto, a frutose deve ser metabolizada pelo fígado. Os fígados dos ratos na dieta de alta frutose eram semelhantes a um fígado de alcoólatra, com gordura (esteatose) e cirrose”.

Outra polêmica, que não é tão recente, mas talvez você devesse relembrar ou saber, falava sobre a existência de mercúrio no xarope de milho. Isso porque, para a produção do HFCS, são necessárias quantidades pequenas de soda cáustica e ácido clorídrico (ambos contêm vestígios de mercúrio).

À época, o fato foi comprovado, após alguns testes realizados, pelo Instituto de Agricultura e Política Comercial dos Estados Unidos. Desde então, as medidas de controle para sua produção parecem ter sido aprimoradas.

Além disso, a prática da plantação de milho, que requer uma grande quantidade de pesticidas e fertilizantes, enfraquece o solo. O que faz disso mais um dos motivos para que você abandone de vez o consumo desse produto extremamente nocivo à saúde.

Açúcar comum ou alta frutose. Qual o pior?

O xarope de milho rico em frutose e o açúcar comum contêm frutose, mas são produtos diferentes. No processo de fabricação do xarope de milho, a frutose é separada e altamente concentrada.

Já o açúcar comum, chamado de sacarose, é formado pela união de 1 molécula de frutose + 1 molécula de glicose. Neste caso, a sacarose (açúcar comum) não é a mesma coisa que a frutose concentrada. O açúcar comum precisa ser quebrado dentro do organismo para ser transformado em glicose e frutose.

O principal autor do estudo, Wayne Potts, disse que o efeito no corpo do consumo de altas doses de frutose é altamente prejudicial à saúde e ele cita um exemplo dos registros históricos.

Quando analisamos o que a indústria norte-americana fez, em meados de 1970, trocando a sacarose (açúcar comum) por xarope de milho rico em frutose — por ser extremamente doce e mais barato —, deu início ao descontrole da obesidade e diabetes nos EUA.

Isto, é claro, influenciou indústrias de todo o mundo a fazer o mesmo, trocando o açúcar comum (mais caro) por frutose através do xarope de milho. É importante salientar que o açúcar comum também é prejudicial à saúde, causando doenças cardiovasculares, inflamações, AVC e até câncer.

Outro cientista que participou da pesquisa, James Ruff, comentou que qualquer tipo de açúcar adicionado — seja o açúcar de mesa em seu café ou a frutose dos industrializados — é ruim para a saúde.

Segundo Ruff, primeiro a pessoa deve se preocupar em reduzir a quantidade de açúcar que come, em geral. Após, começar ter noção de que tipo de açúcar permanece consumindo (lendo o rótulo das embalagens), para diminuir ou parar de comer qualquer produto que contenha xarope de milho com alto teor de frutose adicionado.

É importante salientar que o consumo excessivo de alimentos com alta frutose pode gerar consequências gravíssimas, como a esteatose hepática não alcoólica, ou seja, acúmulo de gordura no fígado e sua intoxicação em pessoas que não bebem álcool, gerando cirrose, o que pode ser fatal.

E as frutas?

As frutas contêm, naturalmente, frutose. É o açúcar natural delas. Neste caso, a frutose não causa mal à saúde porque a quantidade presente é muito baixa, quando comparamos aos alimentos industrializados com xarope de milho.

Frutas possuem diversos benefícios, como vitaminas, minerais, anti-inflamatórios, antioxidantes e fibras que ajudam o corpo a fortalecer o sistema imunológico, além de ajudar na prevenção da obesidade, ataques cardíacos, câncer e AVC.

Sendo assim, o risco está no consumo excessivo de frutas, que deve ser feito com moderação. Por possuírem baixas quantidades de frutose, o temor em comer frutas não se justifica.

A única ressalva feita por nutricionistas é os sucos 100% feitos com frutas. Um exemplo? O suco de laranja! Ele contém grandes quantidades de frutose da própria fruta. Temos naturalmente tendência a beber muito mais suco do que comeríamos se fosse a fruta.

Ou seja, você consegue beber facilmente 15 laranjas espremidas, mas dificilmente comeria 15 laranjas com o bagaço. Neste caso, devemos ter moderação com os sucos, mas sem a necessidade cortá-los da dieta. 

Fonte(s): Healthline / Cleveland Clinic / Oregon Live Imagem de Capa: Reprodução / Pixabay

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