Cheiro forte na urina pode ser sinal de grave doença silenciosa e potencialmente mortal

A demora em diagnosticar corretamente este problema pode gerar sérias consequências à saúde

de REDAÇÃO JORNAL CIÊNCIA 0

Muitas pessoas sabem que a cor mais escura da urina pode indicar como estão os níveis de hidratação do corpo. No entanto, pouco se fala sobre outra característica frequentemente negligenciada: o cheiro.

Um odor forte na urina pode ser um sinal de alerta para uma doença silenciosa, que pode ter sérias consequências se não for diagnosticada. Claro, não estamos nos referindo a cheiros ocasionais provocados por certos alimentos, como aspargos, que podem alterar o odor da urina de forma temporária.

Um cheiro forte e “adocicado” na urina, por exemplo, pode indicar a presença de glicose, o que é um importante sinal de alerta.

A Cetoacidose Diabética é uma complicação metabólica aguda do diabetes que pode ser fatal se não tratada a tempo, e um dos seus primeiros sinais pode ser um cheiro diferente na urina.

Essa condição geralmente ocorre em pessoas que desconhecem que têm diabetes ou que não fazem o tratamento correto. A Cetoacidose Diabética acontece quando há um aumento excessivo dos níveis de açúcar no sangue, o que pode resultar em um odor forte na urina.

Além disso, o cheiro forte também pode ser causado pelo acúmulo de corpos cetônicos, substâncias produzidas quando o corpo queima gordura para obter energia em vez de usar glicose. Isso indica que o corpo está com deficiência de insulina, o hormônio necessário para levar a glicose do sangue para as células.

Quando a Cetoacidose Diabética ocorre em pessoas com diabetes tipo 1, pode ser o primeiro sinal da doença, especialmente em pacientes que nunca haviam sido diagnosticados. Esse quadro pode ser desencadeado por infecções, traumas, cirurgias ou até mesmo infartos.

No caso de pacientes com diabetes tipo 2, a Cetoacidose Diabética é ainda mais grave e geralmente ocorre em situações de extrema gravidade, como no início de uma infecção generalizada, conhecida como sepse.

As principais causas da Cetoacidose Diabética incluem o desconhecimento da condição diabética, o que impede o tratamento adequado; a administração de doses insuficientes de insulina; e o aumento da demanda de energia do corpo, muitas vezes provocado por infecções ou outras doenças.

Sintomas da Cetoacidose Diabética

Além do odor característico na urina, os principais sintomas da Cetoacidose Diabética incluem: aumento da frequência urinária, sede excessiva, boca e pele secas, fadiga extrema, dor abdominal, náuseas, vômitos e hálito com odor forte, provocado pelos corpos cetônicos.

Em estágios mais avançados, o paciente pode apresentar confusão mental devido ao acúmulo de açúcar em vários órgãos, incluindo o cérebro.

Tratamento

O tratamento só pode ser realizado em ambiente hospitalar, devido à necessidade de administração de doses controladas de insulina, hidratação adequada e correção dos níveis de potássio, sódio e fosfato no organismo.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), cerca de 50% dos pacientes com diabetes desconhecem que possuem a doença, o que os coloca em risco de desenvolver complicações graves, como a Cetoacidose Diabética, sem que percebam.

Mas, o que é o diabetes?

O diabetes é uma doença caracterizada pela incapacidade do corpo de produzir insulina de forma suficiente ou de utilizá-la corretamente. A insulina é o hormônio responsável por regular os níveis de glicose no sangue, permitindo que o açúcar entre nas células para fornecer energia ao corpo.

Quando o organismo não consegue usar a glicose adequadamente, os níveis de açúcar no sangue aumentam, o que pode causar diversas complicações, como cegueira e amputações, devido ao acúmulo de glicose.

O diabetes tipo 2 ocorre quando a produção de insulina no pâncreas diminui e órgãos como o fígado e os músculos desenvolvem resistência ao hormônio, impedindo que a glicose seja transportada para as células. Isso resulta em níveis elevados de glicose no sangue.

Já o diabetes tipo 1 é uma doença autoimune, na qual o pâncreas praticamente deixa de produzir insulina. A principal diferença entre os dois tipos de diabetes está em suas causas.

Enquanto o diabetes tipo 1 é provocado pelo próprio sistema imunológico, que ataca as células produtoras de insulina, o tipo 2 é causado por fatores como alimentação inadequada, predisposição genética, obesidade e sedentarismo, que levam à resistência à insulina e à diminuição de sua produção.

Recomendações para pacientes que já tratam o diabetes

Mesmo quem já foi diagnosticado com diabetes e segue corretamente o tratamento não está completamente livre de episódios de Cetoacidose Diabética. Para prevenir complicações, é importante ficar atento a condições que possam ativar o sistema imunológico, como diarreias, gripes, infecções urinárias e sinusites.

Se o paciente estiver doente e apresentar febre, e as últimas duas medições de glicemia forem superiores a 250 mg/dL, além de um resultado positivo no teste de cetonúria (que os pacientes diabéticos são orientados a realizar em casa), é essencial procurar imediatamente o serviço de emergência médica.

Fonte(s): Diabetes / Rede D’OR / Minha Vida Imagem de Capa: Reprodução / Sidney de Almeida / Istock via Catraca Livre

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