Será que você realmente deve retirar a cera do ouvido?

de Merelyn Cerqueira 0

De acordo com diretrizes anunciadas pelo Academia Americana de Otorrinolaringologia aquele material amarelado e gosmento que se acumula nos seus ouvidos deve permanecer no local de origem. A cera não é, para todos os efeitos, ruim, e não deve ser removida apenas por estar presente. Na verdade, ela tem uma função.

Segundo Peter Roland, otorrinolaringologista da University of Texas Southwestern Medical Center, em Dallas, as orientações da academia possuem dois propósitos: determinar sob que circunstâncias a cera deve ser removida e dar aos médicos uma melhor ideia sobre quais os métodos de remoção mais eficazes.

A academia estima que cerca de 12 milhões de pessoas por ano, apenas nos EUA, procurem ajuda médica por causa de impactos causados pela limpeza negligente ou acúmulo excessivo de cera. Os danos, segundo eles, envolvem dor, pressão, coceira, odor fétido, zumbidos, corrimento e, em casos extremos, perda de audição.

Porém, há uma boa razão para a existência da cera. Na verdade, ela é um agente de limpeza que promove proteção, lubrificação e ainda tem propriedades antibacterianas. São formadas a partir da secreção eliminada constantemente por glândulas no canal auditivo externo e que se misturam a pelos e pele morta. O excesso desse cerume geralmente é eliminado naturalmente para fora do canal auditivo, graças aos movimentos da mandíbula.

No entanto, quando esse procedimento natural não funciona corretamente, ou quando o indivíduo enfia uma haste de algodão ou outros objetos estranhos dentro do ouvido, a cera pode se acumular e bloquear parte do canal auditivo. Os adultos mais velhos são mais propensos a esse acúmulo, sendo seguidos dos mais jovens.

De acordo com Roland, a cera fica muito mais espessa e mais seca nessa idade. Além disso, há uma maior presença de pelos nos ouvidos, que consequentemente acabam aprisionando o material. “Infelizmente, muitas pessoas sentem a necessidade de remover manualmente o cerume dos ouvidos. Isso pode resultar em maiores impactos e outras complicações para o canal auditivo”, disse ele acrescentando que o ditado “não coloque nada menor do que o seu cotovelo no seu ouvido” é verdadeiro.

As diretrizes da academia sugerem que as pessoas deixem os ouvidos em paz, a não ser que sintomas associados ao excesso de cera estejam presentes. Roland sugeriu que para ajudar a soltar esse acúmulo bastam algumas gotas de água ou soro fisiológico, ambos estéreis. O líquido ajudará a amolecer a cera e o ouvido poderá fazer o resto do trabalho.

As diretrizes também dizem para evitar colocar hastes de algodão ou outros objetos finos para remover o cerume, além de deixarem claro que jatos irrigadores são fortemente desaconselhados. De qualquer maneira, se as gotas não aliviarem os sintomas, ou se você não é muito chegado a esse tipo de procedimento, o ideal é consultar um médico, que poderá realizar uma lavagem de forma segura.

[ Live Science ] [ Fotos: Reprodução / Pixabay ]

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