Embora a cera de ouvido possa parecer desagradável, ela não é prejudicial e, na verdade, desempenha uma função essencial no delicado canal auditivo. Infelizmente, combater a cera de ouvido tornou-se algo comum, e muitas pessoas inadvertidamente colocam em risco a saúde auditiva ao realizarem limpezas excessivas com instrumentos perigosos que parecem inofensivos.
É hora de fazer as pazes com a cera de ouvido. Portanto, largue o Cotonete® — marca comercial registrada pela Johnson & Johnson que acabou se tornando sinônimo do objeto —, também conhecido como “haste flexível de algodão” em outras marcas, e preste atenção.
Cera de ouvido: o que é?
A cera de ouvido é uma secreção sebácea natural produzida por glândulas presentes na pele que reveste o canal auditivo. Esse exsudato, chamado clinicamente de cerume, está presente em todos os ouvidos, independentemente do grau de higiene.
O cerume mantém a pele do canal auditivo flexível e saudável, além de formar uma camada ácida protetora. Apesar de não parecer visualmente “limpo”, ele desempenha um papel essencial.
Ao eliminar organismos potencialmente perigosos, como bactérias e fungos, o cerume ajuda a proteger o canal auditivo contra infecções.
Embora a cera de ouvido contenha substâncias inofensivas, como óleo, suor, células mortas da pele e partículas de poeira, ela pode ser problemática quando em excesso.
No entanto, os métodos usados para removê-la muitas vezes pioram a situação. O excesso de cerume pode causar impactação, ou seja, quando a cera é empurrada e acumulada no fundo do canal auditivo, o que pode levar a dificuldades auditivas.
O canal auditivo pode ser bloqueado pela cera
Pessoas com canais auditivos estreitos, usuários frequentes de aparelhos auditivos, tampões auriculares ou protetores de ouvido, e aquelas que utilizam hastes flexíveis de algodão com frequência são mais propensas à impactação do cerume.
Empurrar uma haste de algodão no canal auditivo pode fazer com que a cera se acumule ainda mais, em vez de removê-la. Muitas vezes, você pode pensar que limpou bastante cera ao observar a ponta da haste, mas, na realidade, grande parte foi empurrada para dentro.
Normalmente, o cerume é removido pelo próprio corpo, à medida que as células do canal auditivo o transportam para a saída do ouvido, onde ele acaba caindo ou sendo removido durante a higienização de rotina.
Quando você usa uma haste de algodão, interrompe esse mecanismo natural. Como resultado, a cera começa a se acumular e dificilmente será eliminada espontaneamente, o que pode levar a problemas otológicos.
Você realmente precisa limpar o ouvido?
É essencial lembrar que a cera de ouvido é saudável e benéfica para o corpo. De acordo com um artigo publicado em Otolaryngology-Head & Neck Surgery, na maioria dos casos, não é necessário removê-la.
A remoção do cerume só é indicada se ele causar sintomas como desconforto ou impedir o médico de examinar o canal auditivo durante uma consulta. Nessas situações, o cerume é removido por meio de técnicas específicas, como a lavagem realizada por profissionais de saúde.
“Se seus ouvidos estão muito cheios, você não deveria tentar usar cotonetes. Na verdade, não deveria fazer nada”, afirma a Dra. Yu-lan Mary Ying, otorrinolaringologista da Rutgers New Jersey School of Medicine, em entrevista à Popular Science.
Ironicamente, muitos fabricantes de hastes flexíveis de algodão indicam nos rótulos que esses produtos não devem ser usados para limpar os ouvidos. Ainda assim, muitas pessoas ignoram essas instruções, seja por hábito, seja por não lerem as orientações.
O uso dessas hastes pode causar danos ao tímpano — uma membrana fina e delicada que separa o ouvido externo do interno e auxilia na audição —, além de aumentar o risco de impactação de cerume.
Procure um médico se apresentar sintomas como coceira, audição abafada, saída de fluido ou dor nos ouvidos. Mas, quando o assunto é manter os ouvidos limpos, deixar o cerume “quieto” é, na maioria dos casos, a melhor escolha.
Fonte(s): IFLScience / PopSci Imagem de Capa: Reprodução / PopScience via Deposit Photo Foto(s): Reprodução / PopScience via Deposit Photo