Saiba como a internet pode ser o mais poderoso sistema de detecção de terremoto de todos os tempos

de Merelyn Cerqueira 0

A internet não é apenas o seu celular, sua conta no Instagram e Facebook, aquele canal engraçado no YouTube ou tampouco a Netflix.

Embora ela resuma muito bem tudo isso, a internet é também uma matriz abrangente de centenas de cabos de dados submarinos que cruzam os oceanos por cerca de 885 mil quilômetros.

É graças a esses cabos ocultos que você é capaz de acessar seu Facebook todos os dias. Mas, não se engane, eles não são uteis apenas para transmitir dados.

De fato, esse enorme sistema também poderia nos oferecer uma rede sem precedentes para a detecção de novos dados, segundo revelou uma nova pesquisa. As informações são da Science Alert.

O estudo, liderado pelo vulcanologista Philippe Jousset, do Centro Alemão de Pesquisa em Geociências da GFZ, visou enviar pulsos de laser por um trecho de 15 quilômetros de cabos de fibra ótica na Islândia, que os pesquisadores usaram como proxy para medir a atividade sísmica.

As medições, segundo Jousset, revelaram características estruturais no subsolo com uma poderosa resolução, produzindo sinais equivalentes a pontos de dados a cada quatro metros, o que é mais denso do que qualquer outra rede sismológica do mundo.

Embora o conceito do estudo não seja exatamente novo, durante anos os pesquisadores têm procurado maneiras de usar a internet como uma forma de monitorar a atividade sísmica da Terra.

Um estudo feito no mês passado, por exemplo, mostrou que cabos de fibra óptica podem detectar terremotos a até 18.500 km de distância. No entanto, Jousset afirma que o projeto de sua equipe foi o primeiro do mundo a fazer medições com objetivos sismológicos e utilizando um cabo tão longo.

“Nossas medições usando cabos de fibra óptica representaram o solo com muito mais precisão do que nunca”, disse ele à DW, explicando também que a técnica é semelhante a instalar um sismógrafo individual a cada quatro metros.

Curiosamente, isso permitiu a equipe encontrar uma falha desconhecida em fissura entre as placas tectônicas euro-asiática e americana.

Considerando o fato de que o equipamento de monitoramento sísmico atual é muito caro e pouco distribuído entre terra e mar, os pesquisadores acreditam que a técnica poderia fornecer um método de baixo custo para o monitoramento de tremores desconhecidos.

Por exemplo, no mês passado, cientistas afirmaram que na Antártida ocorrem tremores de maneira frequente, e não raramente como antes se pensava, graças a uma peculiaridade tectônica.

Embora muitas pesquisas ainda precisam ser feitas antes que o comprimento quase infinito do cabeamento de internet possa ser convertido de modo a replicar a funcionalidade relatada, os cientistas estão entusiasmados com as possibilidades transformativas, que podem fornecer observações em tempo real e melhorar as respostas de emergência em todo o mundo.

Fonte: Science Alert Foto: Reprodução / Science Library via BBC

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