As renas estão morrendo devido às mudanças no clima. De acordo com uma nova pesquisa, isso está ocorrendo porque os fetos não conseguem sobreviver aos invernos extremos.
As conclusões são resultado de um estudo de 16 anos sobre as renas que vivem em Svalbard, um arquipélago situado entre a Noruega e o Ártico. Em 1994, a rena adulta em Svalbard pesava em média 55 kg. Em 2010, elas pesavam menos de 49 kg – uma queda de 10 a 12% em peso, disse o pesquisador principal e ecologista emérito do Instituto James Hutton, na Escócia, Steve Albon.
As rena acasalam no final de outubro e dão à luz no início de junho. Durante o frio, elas procuram líquen sob a neve, um organismo de crescimento lento que é parte fungo e parte alga, disse Albon. Mas as altas temperaturas de inverno trazem cada vez mais chuva do que neve, disse o pesquisador. Por isso, quando as temperaturas caem, o solo congela como uma pista de gelo, deixando os líquens presos.
Como não comem o suficiente, as renas morrem e as grávidas que sobrevivem acabam perdendo seus bebês ou dando à luz bezerros menores. De acordo com um estudo de 2016 publicado em novembro na Biology Letters, cerca de 61.000 renas morreram de fome na Sibéria após um evento de chuva em 2013. “No inverno, ao longo dos 20 anos em que trabalhamos, a temperatura subiu 9º C”, disse Albon.
Primeiramente, os pesquisadores notaram que esses eventos ocorriam a cada seis anos – em 1996, 2002 e 2008. Mas, a formação de pistas de gelo começou a acontecer a cada dois anos – em 2008, 2010 e 2012. “Percebemos que estava relacionado com o aquecimento global”, disse Albon. “O Ártico está aquecendo mais rapidamente do que qualquer outro lugar do Planeta, especialmente esta parte do Ártico”.
Encolhimento
Albon e seus colegas noruegueses inicialmente visitaram as renas de Svalbard para estudar sua resposta a parasitas. Como eles mediam e pesavam os animais a cada ano, notaram um padrão preocupante: uma enorme variação no número de fêmeas grávidas em 1996, 2002 e 2008, os mesmos anos em que a falta de neve provocou o advento das “pistas de gelo”. Além disso, os pesquisadores registraram um declínio no tamanho e peso do esqueleto dos adultos a partir dos anos 1990 até o início de 2000.
Verão
O verão mais quente adiciona uma complicação, disse Albon. Quando Svalbard fica quente e com muitos alimentos, as renas são mais propensas a acasalar. Isso significa que a população de renas cresce apesar do grave problema.
Mas, independentemente da causa do “encolhimento”, as renas menores enfrentam desafios diferentes dos seus irmãos de tamanho normal. As renas menores têm uma desvantagem durante o inverno, porque seu metabolismo é mais elevado do que o de renas de tamanho regular, mas há menos comida disponível. No entanto, durante os verões mais quentes, as renas menores podem ter uma vantagem porque é mais fácil de dissipar calor.
Os pesquisadores estão esperando que as renas nascidas nos últimos anos atinjam 6 anos de idade, quando se tornam adultas. Só então teremos uma ideia melhor de como a mudança climática está afetando os números da população de renas. No entanto, outro estudo, apresentado na reunião americana da União Geofísica, descobriu que a mudança climática pode ser responsável pela diminuição das populações de renas no norte da Rússia.
As renas dificilmente são o único animal “encolhendo” devido às alterações climáticas. O fenômeno não é novo: quando o Planeta ficou mais quente no passado, besouros, abelhas e aranhas também encolheram.
[ Live Science ] [ Fotos: Reprodução / Pixabay ]