Aves canoras do deserto dos EUA estão em grave perigo devido às mudanças climáticas

de Merelyn Cerqueira 0

Em consequência do aquecimento global, as regiões desérticas do sudoeste dos EUA estão experimentando ondas de calor cada vez maiores, e isso tem colocado em risco as aves canoras da região, que são particularmente vulneráveis à desidratação.

 

As espécies pequenas são as que correm maiores riscos, uma vez que as grandes têm melhores chances de sobrevivência ao procurarem ecossistemas diferentes. A descoberta foi feita por pesquisadores por meio de modelos de observação da NASA, juntamente com mapas de temperatura e dados de fisiologia das aves.

aves_02

Eles sugeriram que a perda de água em resposta às temperaturas apresentou variação em cinco espécies canoras diferentes: Campylorhynchus brunneicapillus (pássaro símbolo do Arizona); Haemorhous mexicanus (pinzón mexicano); Spinus psaltria (pintassilgo-capa-preta); Melozone aberti (Pipilo aberti); e Toxostoma curvirostre (espécie norte-americana de bico curvado).

 

Os pesquisadores estimam que se as condições projetadas de aumento de quatro graus Celsius na temperatura global seguir até o final deste século, com as ondas de calor cada vez mais frequentes, todas as cinco espécies enfrentarão desidratações letais. Quando está realmente quente, eles simplesmente não conseguem evaporar água suficiente para resfriar o corpo, então superaquecem e morrem de insolação”, explicou Dr.ª Blair Wolf, professora de Biologia na Universidade do Novo México e autora do estudo.

 

Em outros casos, as elevadas taxas de perda de água por evaporação, necessárias para mantê-las frias, esgotam seus reservatórios de água no corpo a níveis letais e as aves morrem de desidratação”, continuou.“Este é o elemento estressor que consideramos neste estudo”, disse

 

Em temperaturas muito altas de 40° C, as aves começam a ofegar, o que aumenta a taxa de perda de água, de acordo com Dr. Alexander Gerson, professor de Biologia na Universidade de Massachussetts-Amherst, e coautor do estudo. “A maioria dos animais só pode tolerar perdas de água que resultam em 15 ou 20% da perda de massa corporal antes de morrer”, explicou. “Assim, quando a ave experimenta temperaturas máximas de um dia de verão, sem acesso à água, não dura mais do que algumas horas”.

aves_03

As espécies pequenas são particularmente vulneráveis a essa desidratação letal porque perdem água em uma taxa maior do que as maiores. Por exemplo, em um ambiente de 50°C, um pinzón mexicano e um pintassilgo-capa-preta, que são menores, perdem cerca de 9% de sua massa corporal por hora em água, enquanto que pássaros maiores, como o T. curvirostre, 5%. Se as temperaturas aumentarem em relação ao valor projetado até o final do século, essas espécies pequenas e geograficamente limitadas podem estar com os dias contados.

 

Quando entramos em uma situação em que a maioria da espécie é afetada, começamos a ficar alarmados”, disse o autor principal Tom Albright, professor assistente da Universidade de Nevada, em Reno. Os pesquisadores ainda disseram que refúgios climáticos com microclimas, como montanhas, árvores e outras regiões que permitem sombra, são essenciais para permitir que essas espécies mais vulneráveis se refresquem e, portanto, devem ser preservados.

 

Com esse tipo de dados, os especialistas podem identificar os melhores refúgios e ter uma ideia melhor do perfil de temperatura mais adequado para essas aves”, explicou Gerson. A pesquisa em questão é parte de um projeto global de pesquisadores dos EUA, África do Sul e Austrália para entender melhor as respostas fisiológicas das aves em relação ao aquecimento global.

[ Daily Mail ] [ Fotos: Reprodução / Daily Mail ]

Jornal Ciência