Nuvens coloridas invadem o céu do Reino Unido e surpreendem muitas pessoas!

de Bruno Rizzato 0

Moradores de regiões polares do planeta, como Escandinávia e Canadá, muitas vezes presenciam grandes e majestosas nuvens coloridas que enfeitam o céu cinzento na época do inverno. Porém, ao longo dos últimos dias, habitantes do Reino Unido e da Irlanda também tiveram sorte de testemunhar este fenômeno, conhecido como nuvem estratosférica polar.

Na verdade, estas nuvens são tão incomuns em locais como a Grã-Bretanha, que a AuroraWatch do Reino Unido – um serviço que monitora a probabilidade de avistamentos de auroras – recebeu relatos de que estas nuvens coloridas eram auroras boreais, ou seja, o fenômeno causado por colisões de partículas eletricamente carregadas do Sol com partículas na atmosfera da Terra. No entanto, os dois fenômenos não estão relacionados.

As nuvens estratosféricas polares são nuvens que se formam em altitudes entre 15.000 e 25.000 metros. Estas nuvens raras são formadas principalmente perto das zonas polares durante o inverno. Geralmente, a estratosfera é um local muito seco, por isso a formação de nuvens lá é incomum. Porém, parece que as recentes tempestades que aconteceram em alguns países da Europa podem ter aumentado a umidade na estratosfera.

Para que este fenômeno ocorra, a temperatura na estratosfera precisa estar abaixo de -78 °C, transformando a umidade presente no ar em cristais líquidos ou gelo superarrefecido. Essas temperaturas geralmente só ocorrem no inverno em latitudes elevadas. No crepúsculo, quando o Sol está entre 1° e 6° abaixo do horizonte, os primeiros ou os últimos raios do dia iluminam essas nuvens de grande altitude, de baixo para cima. Esta luz é refratada pelos cristais de gelo das nuvens, em um processo conhecido como nuvem iridescente, produzindo o efeito de arco-íris cintilante.

Porém, apesar de ser um fenômeno muito bonito, as nuvens estratosféricas polares podem ser perigosas, contribuindo com os danos na camada de ozônio – uma parte vital da nossa atmosfera que fornece proteção contra os nocivos raios ultravioletas do Sol. Os cristais de gelo nas nuvens causam uma reação química, que é constituída por um tipo específico de oxigênio molecular (O3) e gases, tais como cloro e bromo. Na verdade, estima-se que apenas um átomo de cloro na estratosfera possa destruir mais de 100 mil moléculas de ozônio.

A presença desses gases que destroem a camada de ozônio na estratosfera é um problema. Mas a principal razão para a sua presença é a nossa utilização de produtos como geladeiras e latas de aerossol. Embora o uso de CFCs tenha sido significativamente reduzido após o Protocolo de Montreal, em 1987, estima-se que a recuperação da camada de ozônio pode levar cerca de 50 a 100 anos.

“As previsões meteorológicas atuais sugerem que novos avistamentos de nuvens estratosféricas polares são possíveis no Reino Unido até o final desta semana. Neste momento, o vórtice polar (responsável pelas condições frias da estratosfera localizada acima do Reino Unido) move-se para o norte, retornando a sua posição normal”, relatou Nathan Case, pesquisador-chefe do Space and Planetary Physics, da Universidade de Lancaster, Inglaterra, para o portal The Conversation.

[ Science Alert ] [ Foto: Reprodução / Perlamutra Makoni / Wikimedia ]

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