Laboratório “oceânico” de biologia permite que os cientistas estudem organismos marinhos de perto

de Rafael Fernandes 0

Um novo meio de estudar organismos marinhos poderia definir um padrão inédito para estudos científicos de ambientes marinhos.

O projeto de pesquisa “lab-in-a-box”, liderado pela oceanógrafa Martina Doblin, da University of Technology, Sydney (UTS) Science, na Austrália, dá acesso incomparável ao mar e aos micro-organismos que vivem nele.

“Até agora, temos sido obrigados a trazer amostras de volta para os nossos laboratórios em terra; para fazer isso de forma eficaz, tínhamos que preservá-los”, disse Doblin. “Com o novo laboratório, temos a chance de examinar a atividade das células vivas e manipulá-los de forma particular, para entender a sua resiliência às mudanças do oceano. Agora nós somos capazes de caracterizar sua atividade muito melhor. Como consequência, teremos uma melhor compreensão do seu papel no oceano.”

Doblin e sua equipe testaram o laboratório móvel em junho do ano passado. 120 milhões de dólares australianos foram necessários para montar este projeto conhecido como Micro-CSI. Ele é um contêiner de transporte personalizado, equipado e especialmente concebido para estudos marinhos e foi financiado por uma série de organizações de pesquisa.

“O apelo comercial para todas as universidades parceiras está em ter uma plataforma para fazer a pesquisa especializada sobre os organismos planctônicos microscópicos que ajudam a regular a biosfera da Terra”, disse Doblin, que atua como pesquisadora principal e presidente do comité de direção do Micro-CSI. “É de grande interesse para nós como pesquisadores, mas também tem relevância para o público em geral, pois esses organismos afetam a maneira como os oceanos captam dióxido de carbono.” 

Como a mudança climática e o aquecimento dos oceanos podem transformar o ambiente natural de formas de vida marinhas, Doblin diz que é essencial descobrir como criaturas do mar estão se adaptando às novas circunstâncias causadas pela atividade humana – uma tarefa agora facilitada pelo novo laboratório saindo do mar.

“Se ao menos nós realmente pudéssemos entender o que fazem esses micróbios… mas não temos nenhuma maneira de saber como suas funções no ecossistema serão afetadas se mudarmos o ambiente”, disse Doblin. “Nós precisamos ser capazes de quantificar o que esses micróbios podem fazer em condições normais e em seguida, por exemplo, se houver um vazamento de óleo, o quanto essa função poderia diminuir.” 

A pesquisa foi destaque em um novo livro que comemora o antecessor do projeto: RV Southern Surveyor, um navio de pesquisa que por uma década ajudou cientistas australianos, incluindo Doblin, em mais de 100 viagens de pesquisa.

“A partir do momento em que navegamos ao leste de Sydney, houve uma mudança na temperatura da água que coincidiu com uma mudança na comunidade microbiana, que absorveu o dióxido de carbono a uma taxa inferior”, disse Doblin. “É importante entender como esses organismos respondem a aumentos de dióxido de carbono e temperatura, porque isso vai nos dar uma indicação do estado futuro dos oceanos da Austrália.”

Fonte: Science Alert Foto: Reprodução / YouTube

Jornal Ciência