Oceano submerso é encontrado a 1.000 quilômetros abaixo da superfície

de Merelyn Cerqueira 0

Dois estudos recentemente realizados encontraram evidências de que existe um oceano – de água, não de lava – no manto inferior da Terra.

 Ainda não está claro qual é a quantidade de água armazenada ali, mas estudos anteriores sugerem que poderia ser a mesma de todos os oceanos do mundo juntos. Ainda, se essa água secasse, a vida na Terra deixaria de existir.

De acordo com informações do jornal Daily Mail, a água cobre cerca de 70% da superfície de nosso planeta, mas uma grande quantidade parece estar residindo dentro dele. Estima-se que possa haver grandes quantidades do líquido a 1.000 quilômetros abaixo da superfície terrestre. Sem esse enorme reservatório, a atividade geodinâmica responsável pelos vulcões – importantes para gerar solo e sustentar a vida no Planeta – cessaria.

No primeiro estudo, feito por pesquisadores da Universidade do Estado da Flórida, EUA, e Universidade de Edimburgo, na Escócia, estimou-se que água existiria de forma mais profunda na Terra, mas armazenada em um mineral chamada brucita. Embora a quantidade ainda seja desconhecida, acredita-se que ela possa representar até 1,5% de todo o peso do Planeta – a mesma quantidade que toda a água dos oceanos da superfície representa.

Segundo Mainak Mookherjee, que liderou o estudo, a princípio não se acreditava que a água pudesse ser armazenada em minerais hidratados, como a brucita, e nessas profundidades. “Mas agora que sabemos que está lá, precisamos descobrir quanta água poderia ser efetivamente armazenada dentro dela”. O segundo estudo, paralelo a esse e feito por pesquisadores da Northwestern University em Illinois, EUA, sugeriu-se que essa água era muito mais profunda do que antes se pensava, localizada a um terço do caminho até a borda do núcleo da Terra.

oceano-submerso-encontrado_02
A descoberta foi feita a partir de um diamante com cerca de 90 milhões de anos, cuspido por um vulcão que existiu próximo ao rio São Luís, em Juína, no Mato Grosso.

A descoberta foi feita a partir de um diamante com cerca de 90 milhões de anos, cuspido por um vulcão que existiu próximo ao rio São Luís, em Juína, no Mato Grosso. A pedra tinha uma certa imperfeição, com minerais que ficaram presos dentro dela durante sua formação. Logo, quando foi observada mais analiticamente por um microscópio, os pesquisadores viram evidências da presença de íons de hidroxila – que normalmente residem na água. Ainda, a natureza de sua imperfeição sugere que o diamante foi formado no manto inferior da Terra.

Esta é a evidência mais profunda para a reciclagem da água no Planeta”, disse Steve Jacobsen, que liderou o estudo, à New Scientist. “A grande mensagem aqui é que o ciclo da água na Terra é maior do que jamais pensamos, e se estende para o manto profundo”. Essencialmente, a água desempenha um papel fundamental para a manutenção da atividade geológica abaixo da superfície da Terra. “A água no interior do planeta é crucial, uma vez que ajuda na convecção do manto, um processo pelo qual rochas sólidas se movem das regiões mais quentes para mais frias sobre escalas de tempo geológico”, disse Dr. Mookherjee.

Se não houvesse essa água no interior da Terra, a convecção do manto seria ineficiente e eventualmente cessaria. A expressão superficial da convecção do manto é o movimento da placa, processo pelo qual os vulcões são criados”, explicou. Os vulcões, por outro lado, desempenham um papel importante na geração da crosta terrestre que vivemos. Logo, se essa atividade vulcânica cessasse, a formação da crosta também pararia, bem como as atividades planetárias.

Conforme explicado por Jacobsen, a água em questão “se mistura com a crosta oceânica e é subduzida nos limites das placas convergentes”. Então, “a introdução de água no manto promove o derretimento e enfraquecimento da rocha, provavelmente ajudando os movimentos das placas”.

Agora, os pesquisadores planejam determinar a quantidade de água existente ali a partir de simulações adicionais para entender melhor as propriedades físicas da brucita nessas profundidades.

[ Daily Mail ] [ Foto: Reprodução / Daily Mail ]

Jornal Ciência