Se você gosta de nadar, mergulhar ou surfar, em algum desses momentos certamente já deve ter sentido algum objeto de origem marinha tocar alguma parte de seu corpo.
Sendo o oceano o lar de milhões de espécies conhecidas – cerca de 2,2 milhões, de acordo com um estudo publicado em agosto de 2011 na revista PLOS Biology – ele também serve como banheiro desses seres vivos.
Traduzidas em incontáveis criaturas, grandes e pequenas, elas vão desde zooplânctons microscópicos até enormes mamíferos, como as baleias.
Conforme reportado pelo Live Science, pode ser um pouco assustador contemplar as vastas quantidades de resíduos expulsos em águas oceânicas – incluindo fezes, urina e outros revestimentos ricos em nutrientes – que desempenham um papel na saúde global dos ecossistemas marinhos e são de vital importância para cadeias alimentares. Isso é particularmente verdade quando levamos em consideração as baleias.
De acordo com o biólogo conservacionista Joe Romano, especialista em mamíferos marinhos e seus impactos sobre os ecossistemas oceânicos, da Universidade de Vermont, nos EUA, essa informação sobre as baleias não deve vir como surpresa.
Sendo um dos maiores animais dos mares, são especialmente generosas contribuintes quando o assunto é a sopa química do oceano. No entanto, identificar a quantidade exata desses resíduos é um verdadeiro desafio.
“Não é fácil medir o quanto uma baleia excreta em um dia”, disse ao Live Science. Ele ainda explicou que os cientistas podem estimar esses números olhando para outros grandes animais marinhos – como as focas e golfinhos, quando mantidos em cativeiro.
“Depois, é só escalonar esse número para cima. Não é, necessariamente, um número exato do que o intestino de uma baleia pode produzir, mas já fornece uma ideia geral”.
Assim, de acordo com um estudo publicado em 2003 pela revista Canadian Journal of Zoology, uma baleia-sei (Balaenoptera borealis), que pode chegar até 18 metros de comprimento e pesar até 45.000 quilos, tem uma produção diária estimada de 627 litros de urina. Uma baleia-comum (Balaenoptera physalus), pode crescer até 26 metros de altura, pesar 72.575 quilos e urinar cerca de 974 litros em um único dia.
Em raras ocasiões, segundo Roman, os biólogos marinhos têm vislumbrado o momento em que esses grandes mamíferos fazem xixi na superfície dos oceanos, lançando gêiseres no ar por meio de uma abertura em suas costas. “Mas nos ainda não conseguimos coletar isso”, acrescentou.
As fezes das baleias, por outro lado, já são mais fáceis de serem detectadas na água. O biólogo explicou que elas tendem a se aliviar nas superfícies antes de mergulharem nas profundezas para caçar. Nesse momento, elas liberam nuvens fecais maciças, conhecidas como plumas de nutrientes, de cor distinta e “cheiro forte”.
“É energicamente caro mergulhar, então elas ‘desligam’ alguns de seus órgãos internos quando o fazem, tornam-se apenas máquinas famintas por comida. Quando vêm a superfície, que é onde fazem a digestão, liberam urina e fezes”.
Esse hábito gera um ambiente altamente nutritivo para inúmeros animais que vivem nos oceanos, fornecendo-lhes nitrogênio, fósforo e ferro.
Mais do que liberar nutrientes, essas baleias os redistribuem, pois conectam os animais marinhos da superfície com alguns que só podem ser alcançados no fundo do oceano.
Embora possa não seja possível calcular a exata quantidade de xixi e cocô produzida por todas as baleias do mundo, esses resíduos claramente estão sendo bem utilizados.
No entanto, se você ainda está preocupado com esse contato enquanto nada em alguma uma praia, basta considerar o volume total de água que compõe os oceanos – cerca 1,3 bilhão de quilômetros cúbicos, de acordo com o US Geological Survey.
Fonte: Live Science Fotos: Reprodução / Live Science