Você já ouviu falar no filme A Órfã? Trata-se de um suspense norte-americano lançado em 2009 que conta a história de um casal que, após a morte de um dos filhos quando este ainda era um bebê, resolve adotar uma criança.
Eles conhecem então Esther, uma garota de nove anos que a princípio não pareceu nada além do que uma menina de sua idade. Atenção! O resto do texto contém spoilers.
No decorrer da trama a misteriosa menina começa a se envolver em eventos estranhos, incluindo a morte de um dos membros da família. Mais tarde, eles descobrem que ela na verdade não era uma criança, mas sim uma mulher de 33 anos, chamada Leena Klammer, vítima de um distúrbio hormonal raro e um passado pra lá de sombrio.
A verdadeira história por trás do filme
A história de Esther (ou Leena Klammer) basicamente foi inspirada na vida de Barbora Skrlová, uma mulher que viveu em Kurim, na República Checa, e protagonizou o “caso Mauerova”, considerado a pior situação de abuso infantil da história do país.
Assim como Esther, Barbora era vítima de uma condição glandular que lhe permitiu ficar com a aparência de uma adolescente, mesmo que tivesse 33 anos. Enquanto esteve na faculdade, ficou amiga de Katerina Mauerova, uma jovem que morava com a irmã, Klara, e seus dois sobrinhos, Ondrej e Jakub.
Ambas as irmãs eram emocionalmente perturbadas e grandes fãs do misticismo, e acreditava que tinham descido a Terra com uma missão imposta por Deus.
Barbora, por outro lado, já havia passado por uma série de tratamentos para ajudarem com seu caráter violento e distúrbios psicológicos.
Em uma determinada vez, fugiu da clínica onde estava internada e foi morar com as irmãs. Barbora então explorou ainda mais a fraqueza mental das irmãs, influenciando-as negativamente. As três então entraram para o Movimento Graal, que pregava a seus integrantes a liberdade de confissões e tabus sociais. Enquanto viveu com as irmãs, Barbora exibia sua dupla personalidade, a de uma mulher adulta e uma criança.
Quando assumia esse lado infantil, ficava com ciúmes da relação de Klara com os filhos e, portanto, aos poucos começou a manipulá-los. Klara, por sua vez, acreditava que as crianças não estavam se comportando e, ao pedir conselhos à Barbora sobre o que fazer, esta sugeriu que os trancasse em jaulas.
Em 2007, a mãe de fato colocou as crianças em uma jaula, alimentando-as através das grades. Barbora também convenceu às irmãs a torturarem as crianças, que sofriam queimaduras de cigarros, choques, afogamento, agressão e até mesmo sessões de canibalismo. Em determinado dia, Barbora teve a ideia de implantar câmeras de segurança para ver o que as crianças faziam na jaula.
No entanto, uma família que recentemente havia se mudado para a casa vizinha, também decidiu instalar câmeras no quarto do filho. No entanto, o que eles acabaram captando foi o sinal da câmera da casa ao lado, que mostrava duas crianças em uma jaula.
Desesperados, eles avisaram a polícia. Assim, no dia 10 de maio de 2007, as autoridades invadiram a casa ao lado e prenderam as duas irmãs, resgatando as duas crianças.
Parada próxima à jaula eles encontraram uma terceira criança, que correu desesperada em direção aos agentes pedindo ajuda. Ela disse que seu nome era Anika, tinha 12 anos e era uma filha adotiva de Klara.
No momento em que foi guiada pelos polícias, a “criança” aproveitou um momento de distração e correu. Ela era na verdade Barbora, que fugiu para a Noruega assumindo uma identidade completamente diferente, dessa vez de um garoto de 13 anos, chamado Adam.
Adam então foi adotado por uma família e voltou a frequentar a escola, sem saber que a polícia ainda estava a sua procura.
Um ano depois, seu paradeiro foi descoberto e finalmente foi presa. Sua família adotiva ficou perplexa ao descobrir que a suposta criança de 13 anos que havia adotado era na verdade uma foragida de 35.
Barbora foi extraditada para a República Checa para ser examinada por psiquiatras e psicólogos para análise sobre sua condição mental e se tem condições de responder legalmente pelos seus atos. Também será julgada junto às irmãs Klara e Katerina. As crianças, por sua vez, foram entregues aos avós.
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