Espécie de peixe está evoluindo para sobreviver fora da água

de Merelyn Cerqueira 0

Um novo estudo, publicado recentemente no periódico The American Naturalist, sugeriu que existam peixes evoluindo para sobreviverem fora da água – e a culpa são dos predadores de seus habitats, conforme apontado pela Science Alert. 

As primeiras criaturas terrestres evoluíram há cerca de 390 milhões de anos, mas ainda há uma discussão acerca do motivo de elas terem feito isso.

As razões potenciais incluem melhor comida, qualidade da água ou uma melhor oportunidade de fuga em solo.

E é justamente essa última ideia que foi apontada pelos pesquisadores neste último estudo.

Biólogos descobriram que espécies diferentes de peixes de subordem Blennioidei, que inclui os peixes blenny – um pequeno peixe tropical –, desenvolveram uma forma independente de “estilo de vida anfíbio”, o que significa que eles podem passar um tempo dentro ou fora da água. As espécies foram encontradas em águas tropicais em torno de Rarotonga, a maior das ilhas de Cook, na região do Pacífico Sul.

“Nosso estudo com os blennies de Rarotonga é o primeiro a examinar as pressões que levam os peixes a abandonarem a água”, diz o ecólogo evolucionista Terry Ord, da Universidade de New South Wales, na Austrália. 

Ao observarem as espécies, os pesquisadores coletaram pistas sobre o que poderia ter causado o comportamento, que fazia com que nadassem de regiões costeiras, quando em maré baixa, e moverem-se para terra na maré alta.

Os blennies possuem muitos inimigos na água, a maioria deles são peixes de recifes, como linguados e garoupas.

Ao medir a abundância desses predadores em relação às mudanças das marés, os pesquisadores descobriram quando os blennies saiam da água (em maré alta), de fato a presença desses predadores era maior. 

“A vida é menos hostil nas rochas, com os pássaros sendo a principal preocupação”, disse Ord.

Para testar a hipótese de que as aves eram menos problemáticas, os pesquisadores mediram a frequência dos ataques nas regiões que os bennies frequentavam.

Para isso, produziram 249 formas plásticas de peixes coloridos e altamente realistas, e as espalharam pela costa e marés altas por oito dias seguidos.

Eles descobriram que os peixes de plástico em terra se saíram muito melhor na questão de sobrevivência do que os que estavam na água.

Ainda, as ilhas do Pacífico Sul tendem a ter poucos predadores em terra, o que as torna particularmente atraentes para os peixes “terrestres”. 

No entanto, pesquisas anteriores feitas por Ord e sua colega Georgina Cooke já haviam mostrado indícios do mesmo comportamento de forma mais frequente do que pensaríamos.

“Um peixe fora da água pode parecer uma coisa extraordinária, mas na verdade é um fenômeno bastante comum”, disse Ord. “O comportamento anfíbio tem evoluído repetidamente em uma grande diversidade de peixes atuais, e o movimento para a terra não parece ser tão raro como se presumiu”.

Contudo, seria difícil para nós, seres humanos, observarmos todo esse processo evolutivo, uma vez que poderia demorar milhões de anos.

No entanto, os estudos nos dão um vislumbre de raros processos ecológicos que outrora só foram vistos e experimentados por nossos antepassados.

Fonte: Science Alert Foto: Reprodução / Science Alert

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