Depois de 130 anos, poderíamos ter que redesenhar a árvore genealógica dos dinossauros

de Julia Moretto 0

Os cientistas estão dizendo que a classificação de dois grandes grupos de dinossauros pode estar errada há mais de um século.

O artigo controverso também sugeriu que a localização física dos primeiros dinossauros pode estar incorreta – apontando um fóssil do tamanho de um gato, na Escócia. 

“É apenas uma análise, mas é uma análise completa”, disse o paleontólogo Thomas Holtz da Universidade de Maryland, que não estava envolvido na pesquisa, em entrevista à Nature.

Neste momento, a árvore evolutiva divide os dinossauros em dois grupos: Ornithischia e Saurischia.As espécies foram colocadas em um desses grupos, dependendo da estrutura óssea do quadril.

Os que têm quadril semelhante ao de um pássaro foram classificados como Ornitísquios, os de quadril parecido com o de um lagarto foram para Saurísquios.

Como explica Hannah Devlin no The Guardian, os Ornitísquios incluem parentes do Estegossauro e do Tricerátopo, ao mesmo tempo que tem terópodes, como Tiranossauro, Saurópode, Diplodoco, e um grupo carnívoro chamado Herrerasauridae, todos com algumas semelhanças com lagartos. Agora, pesquisadores do Museu de História Natural de Londres dizem que isso pode não ser o caso, com base em sua análise de 457 características anatômicas de 74 espécies de dinossauro em ambos os grupos.

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A hipótese da equipe é que os terópodes podem ter sido classificados erroneamente.A análise indica que eles e os Ornitísquios compartilham 21 traços anatômicos, como um distintivo cume na mandíbula e uma fusão de um osso particular em seus pés. 

“Felizmente, a maior parte do que reconstruímos sobre os dinossauros – como eles se alimentavam, respiravam, moviam, reproduziam, cresciam e socializavam – permanecerá inalterada”, disse Lindsay Zanno, do Museu de Ciências Naturais da Carolina do Norte.

“[Mas] essas conclusões nos levam a questionar a estrutura mais básica de toda a árvore genealógica de dinossauros, que usamos como a espinha dorsal de nossa pesquisa por mais de um século”.”Se confirmadas por estudos independentes, as mudanças vão abalar a Paleontologia até seu âmago”, completou. Até este estudo, a pesquisa tinha colocado o surgimento de dinossauros em cerca de 237 milhões de anos atrás no supercontinente de Gondwana, em uma área que mais tarde se tornaria o Hemisfério Sul.

Os pesquisadores acham que este espécime que possui o tamanho de um gato pode ser um ancestral comum a todos os dinossauros – colocando seu surgimento 5 milhões de anos mais cedo do que as estimativas atualmente aceitas. “Os continentes do Norte certamente desempenharam um papel muito maior na evolução dos dinossauros do que pensávamos anteriormente e os dinossauros podem ter se originado no Reino Unido”, disse Matthew Baron, pesquisador principal do jornal, em entrevista à BBC.

Mas nem todos concordam com essa nova vertente.”Não há nada de especial sobre este Saltopus. Você tem fósseis que seriam melhores candidatos a um tal precursor de dinossauros”, disse Max Langer, paleontólogo da Universidade de São Paulo em entrevista ao The Guardian. O fóssil possui um par de pernas, alguns ossos do quadril e uma vértebra. Os pesquisadores reconhecem que não está na melhor forma. “Parece uma carcaça de galinha depois de um assado de domingo”, explica Baron.

No entanto, para um artigo tão controverso e histórico, há muitos apoiadores influentes. O paleontólogo Kevin Padian da Universidade da Califórnia, Berkeley, que não estava envolvido na pesquisa, chama o estudo de “reavaliação original e provocativa das origens e relacionamentos dos dinossauros”. 

Se aceita na literatura, a árvore evolucionária revisada também precisaria da definição formal de dinossauros para serem reescritos – potencialmente retirando herbívoros de pescoço longo, como Brontosaurus e Diplodocus, da árvore genealógica dos dinossauros. A pesquisa foi publicada na Nature.

Fonte: Science Alert Fotos: Reprodução / Science Alert

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