Curcumina do açafrão pode matar células do câncer e impedir crescimento de tumor, diz estudo

Uma recente pesquisa que analisou milhares de publicações científicas reforça o poder do açafrão em combater o câncer

de Otto Valverde 0

O açafrão-da-terra, também chamado cúrcuma, famoso condimento largamente usado na culinária indiana, está ganhando cada vez mais notoriedade na prevenção de doenças, especialmente o câncer. 

Pesquisa recente que fez análise de revisão em quase 5.000 estudos anteriores, mostrou que um princípio ativo chamado curcumina, encontrado no açafrão, tem forte poder na luta contra o câncer. Os cientistas afirmam que as propriedades da curcumina são tão poderosas porque ela age como antioxidante e anti-inflamatório ao mesmo tempo, o que interrompe o desenvolvimento de tumores. 

Na pesquisa, células testadas de 8 tipos de câncer foram impedidas de crescer após terem contato com a curcumina. O estudo apontou que o açafrão, através do seu princípio ativo, poderia ser eficaz aliado no combate ao câncer de mama, pulmão, estômago, pâncreas, intestino, sangue, medula óssea e próstata.

Como age a curcumina?

Os cientistas acadêmicos da Temple University, na Filadélfia, EUA, disseram que a curcumina consegue impedir que nutrientes vitais cheguem até os tumores, o que limitaria ou impediria a nutrição do câncer.

Além disso, ela também impede que células saudáveis morram ao redor do tumor. Isso porque a curcumina consegue impedir que as células cancerígenas liberem proteínas tóxicas que seriam nocivas.

Em suma, os cientistas concluíram que a curcumina – que na verdade é o pigmento responsável por dar a cor amarela característica ao açafrão, pode representar um novo medicamento eficaz para tratar o câncer, seja usando-o sozinho ou combinado com outros medicamentos.

Açafrão ainda é deixado de lado

Embora existam inúmeros estudos sobre os benefícios anti-inflamatórios do açafrão e seu princípio ativo, e mesmo sendo usado há milênios na medicina oriental, a curcumina não é uma opção atualmente para tratar o câncer.

Infelizmente, nunca foi realizado um estudo em grande escala com seres humanos para que a curcumina cumpra os requisitos necessários para ser considerado um novo medicamento.

Muitos órgãos como a ANVISA, no Brasil, ou o FDA, nos EUA, exigem uma série de ensaios clínicos e testes com milhares de pessoas para aprovarem a liberação de novos fármacos.

Alguns pesquisadores acreditam que a curcumina não desperta interesse das grandes indústrias farmacêuticas porque, por ser uma molécula de origem natural, não poderia, em tese, ser patenteada pelos laboratórios, mesmo que eles fizessem estudos de bilhões de dólares.

Em geral, apenas moléculas sintéticas podem ser patenteadas, e existem vários entraves burocráticos em patentear uma molécula amplamente conhecida em todo o mundo, o que tiraria o interesse das grandes corporações, que poderiam ter seus estudos “copiados” por outras farmacêuticas.

A cúrcuma e seu poder curativo

Estudos já mostraram o poder terapêutico deste tempero. Em várias análises, doenças crônicas como pressão alta, inflamações e enfermidades no fígado tiveram benefícios.

Alguns experimentos mostram que o açafrão pode ajudar a acelerar a recuperação de pacientes após cirurgias, além de ser indicado para tratar artrite.

O estudo atual revisou os dados acumulados de pesquisas desde o ano de 1924. O Dr. Antonio Giordano, patologista da Temple University, e sua equipe, vasculharam 12.595 estudos e analisaram em profundidade 4.738 buscando conhecer como a curcumina poderia agir contra o câncer. O artigo foi publicado na revista Nutrients.

“Conforme relatado neste estudo, a curcumina exibe capacidade anticâncer, direcionando vias celulares, incluindo vias de fatores de crescimento, impedindo transporte de nutrientes para as células cancerígenas e impedindo que células saudáveis morram”, disseram os cientistas.

A curcumina é melhor absorvida pelo corpo quando concentrada em cápsulas manipuladas.
Uma planta milagrosa?

Os pesquisadores alertaram que, no entanto, não se trata de uma planta milagrosa. Algumas pessoas podem ter efeitos colaterais como diarreia, vômitos e dores de cabeça ao consumir açafrão.

Além disso, a curcumina encontrada no açafrão é pouco absorvida pelo organismo, o que limita sua eficácia anticâncer se for apenas ingerida vida alimentação. Os estudos sempre levam em consideração a curcumina concentrada.

Em nota, a Cancer Research UK (órgão britânico para pesquisa contra o câncer), disse:

“Existem evidências de que a curcumina, substância do açafrão, pode matar células de alguns tipos de câncer. Ela parece impedir o crescimento de tumores. Ela tem melhor ação contra o câncer de mama, estômago, intestino e pele, mas precisamos de mais pesquisas. No momento, não há evidências claras em humanos para mostrar que o açafrão ou a curcumina isolada possam prevenir e tratar o câncer”.

Fonte: Daily Mail Fotos: Reprodução / Pixabay

Jornal Ciência