Colisão espacial que aconteceu há 466 milhões de anos ainda está lançando asteroides na Terra

de Gustavo Teixera 0

Astrônomos descobriram que a maioria dos meteoritos que regularmente caem na atmosfera da Terra hoje são o resultado de uma colisão que ocorreu há 466 milhões de anos.

 

Usando análises químicas de amostras de rochas em todo o mundo, a equipe descobriu que antes dessa colisão, a Terra tinha impactos de muitos tipos diferentes de meteoritos, o que significa que a história do nosso Planeta com meteoritos é muito mais complexa do que se acreditava.

 

Olhar para os tipos de meteoritos que caíram na Terra nos últimos 100 milhões de anos não dá uma imagem completa. Seria como olhar para fora em um dia de inverno coberto de neve e concluir que todo dia é nevado, mesmo que não esteja nevando no verão.” Disse o membro da equipe Philipp Heck do Museu Field em Chicago, nos Estados Unidos. Eles se formam quando objetos rochosos, como asteroides, planetas ou luas, colidem, quebrando-se em pedaços menores.

 

Essas peças voam para o espaço e às vezes atingem planetas como a Terra. O interessante é que esses meteoritos contêm elementos do corpo cósmico que os criou, dando aos pesquisadores um vislumbre de como os objetos celestes são formados em nosso Sistema Solar. O problema é que os astrônomos realmente não sabem muito sobre o fluxo de meteoritos da Terra, como a variedade e a quantidade do que caiu aqui ao longo da existência do nosso Planeta.

 

Sabíamos quase nada sobre o fluxo de meteoritos para a Terra em tempo profundo geológico antes deste estudo. A visão convencional é que o Sistema Solar tem sido muito estável nos últimos 500 milhões de anos, então é bastante surpreendente que o fluxo de meteoritos em 467 milhões de anos foi tão diferente do presente”, explicou o membro da equipe, Birger Schmitz da Universidade de Lund na Suécia.

 

Isso significa que a Terra sofreu o mesmo tipo de chuva de meteorito nos últimos 466 milhões de anos. Esses meteoritos, chamados de “L chondrites”, derivam de uma colisão que ocorreu entre dois corpos cósmicos no cinturão de asteroides, embora o evento que os criou não seja totalmente compreendido. O problema é que a composição deles não é representativa de todas as diferentes rochas no cinturão, o que significa que, em um ponto ou outro, a Terra tinha diferentes tipos de meteoritos caindo sobre ela.

 

Para estudar o que eram esses meteoritos, Heck e seus colegas precisavam encontrar meteoritos que aterrissem na superfície da Terra antes da “dissolução do corpo condrito”, a colisão que ainda está fazendo cair meteoritos sobre a Terra. Como você provavelmente pode imaginar, encontrar rochas de 466 milhões de anos de idade em um Planeta feito de rocha pode ser difícil. Assim, a equipe decidiu analisar micrometeoritos, que foram escavados de um leito de rio na Rússia e dissolvidos em ácido para ver que tipos de cristais permaneceram.

 

É como procurar agulha no palheiro. Então tivemos que usar uma abordagem de força bruta: queimamos o palheiro para encontrar as agulhas”, disse Heck ao jornal norte-americano The Washington PostA equipe estava procurando o espinélio de cromo, que agem como cápsulas do tempo assim a equipe poderia especular sobre a origem dos micrometeoritos. “Espinélios de Cromo, são cristais que contêm cromita mineral e permanecem inalterados mesmo depois de centenas de milhões de anos”, explicou Heck.

 

Uma vez que eles são inalterados pelo tempo, poderíamos usar esses espinélios para ver o que o corpo original que produziu os micrometeoritos”, completou. Depois de examinar a composição química dos espinélios de cromo, a equipe descobriu que 34% dos micrometeoritos antes da colisão eram acondritos primitivos, um tipo de meteorito que só representa 0,45% dos que atingiram a Terra hoje. Eles também descobriram que alguns acondritos vinham de Vesta, o mais brilhante e um dos maiores asteroides no cinturão de asteroides, que dizem que também colidiu há mais de um bilhão de anos.

 

Esses achados sugerem que só por que experimentamos um fluxo significativo de meteoritos de condrito L hoje, não significa que sempre tenha sido assim. De fato, a história do fluxo de meteoritos da Terra está sendo mais detalhada agora. O transporte de meteoros do cinturão de asteroides para a Terra é um pouco como observar deslizamentos de terra iniciados em diferentes épocas na encosta de uma montanha. Hoje, as rochas que atingem o fim da montanha podem ser dominadas por alguns recentes deslizamentos de terra”, disse William Bottke do Southwest Research Institute, no Colorado.

 

Voltando no tempo, no entanto, antigos deslizamentos de terra devem ser muito mais importante. O mesmo é valido para eventos de dissolução de asteroides; alguns mais jovens dominam o atual fluxo de meteoritos, enquanto que no passado os mais velhos dominavam”, completou Bottke. Em outras palavras, uma melhor compreensão do fluxo de meteoritos da Terra nos dará uma melhor compreensão do Sistema Solar como um todo. Mas, como mostram essas descobertas, para estudá-las, os pesquisadores têm que olhar para trás em um tempo diferente.

 

Saber mais sobre os diferentes tipos de meteoritos que caíram ao longo do tempo nos dá uma melhor compreensão de como o cinturão de asteroides evoluiu e como colisões diferentes aconteceram”, conclui Heck. Em última análise, queremos estudar mais espaços no tempo, não apenas a área antes e depois desta colisão durante o período Ordoviciano, para aprofundar o nosso conhecimento de como os diferentes corpos no Sistema Solar se formaram e interagem uns com os outros”, finalizou.

 

O trabalho da equipe foi publicado no site da revista Nature Astronomy.

[ Science Alert ] [ Fotos: Reprodução / Science Alert ] 

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