Colisão e junção de corpo espacial com a Terra podem ter originado a nossa Lua e o ecossistema do planeta

de Bruno Rizzato 0

Astrônomos que investigavam a forma como a Lua se formou, descobriram evidências de que ela pode ter se originado de restos de um pequeno planeta que colidiu diretamente com a Terra, há cerca de 4,5 bilhões de anos. Além disso, a pesquisa sugere que esta colisão foi tão violenta que o “embrião planetário” que nos atingiu, um objeto planetário chamado Theia, acabou fundindo-se tanto com a Terra quanto com a Lua.

A ideia de que a Lua foi formada como parte de uma “pane” no Sistema Solar não é nova, mas os cientistas propuseram, no passado, que Theia simplesmente teve uma parte destruída pela Terra, gerando a Lua em sua órbita e, em seguida, continuou em seu caminho no espaço. Agora, a pesquisa da equipe da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, EUA, sugere que Theia na verdade, nunca nos deixou, e sim, juntou-se a nós.

Para descobrir isso, a equipe analisou rochas lunares trazidas à Terra pelas missões Apollo, assim como seis rochas vulcânicas do manto da Terra. Eles observaram isótopos de oxigênio contidos nas rochas, o que significa que eles estavam contando o número de prótons e nêutrons em átomos de oxigênio. Isso é importante, porque as rochas de cada corpo planetário em nosso Sistema Solar possuem uma relação única de “impressão digital” de isótopos de oxigênio, que pode ser usada ​​para identificar suas origens.

Por exemplo, mais de 99,9% do oxigênio da Terra é O-16, o que significa que cada átomo possui oito prótons e oito nêutrons. Mas há também pequenas quantidades de O-17 e O-18 na Terra. E é justamente esta relação entre O-16 e O-17 que os cientistas podem usar para descobrir de onde as rochas e outras substâncias podem ter vindo. Se Theia simplesmente tivesse destinado uma parte à Terra, produzindo a Lua, como previsto anteriormente, a Lua seria composta principalmente de objetos de Theia e da Terra. Assim, as rochas da Lua teriam diferentes relações de isótopos de oxigênio. Mas este não foi o caso. “Nós não vimos qualquer diferença entre isótopos de oxigênio da Lua e da Terra, eles são indistinguíveis”, disse o pesquisador Edward Young.

As conclusões reviveram uma hipótese proposta anteriormente (conhecida como Big Splash), que afirmava que Theia e a Terra realmente tiveram uma colisão frontal, causando, como resultado, uma fundição entre os corpos. “Theia foi muito bem misturada, tanto com a Terra quanto com a Lua, sendo uniformemente dispersa entre elas. Isso explica porque não vemos uma assinatura diferente de Theia na Lua em relação à Terra”, explicou Young. 

Apesar de não existirem muitas informações sobre Theia, Young e sua equipe acreditam que o embrião planetário foi semelhante em tamanho à Terra, enquanto outros acreditam que ele teria tamanho semelhante a Marte. O novo estudo explica que não há evidências de que Theia estivesse crescendo, e se houvesse sobrevivido ao acidente, o corpo teria se tornado um planeta. Se confirmada, a pesquisa publicada na revista Science poderá mudar a nossa compreensão da formação e da evolução do planeta. O estudo também poderia ajudar a descobrir a origem da água em nosso planeta, justamente por conta da colisão de frente com Theia.

[ Science Alert ] [ Foto: Reprodução / UCLA ]

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