Astrônomos que investigavam a forma como a Lua se formou, descobriram evidências de que ela pode ter se originado de restos de um pequeno planeta que colidiu diretamente com a Terra, há cerca de 4,5 bilhões de anos. Além disso, a pesquisa sugere que esta colisão foi tão violenta que o “embrião planetário” que nos atingiu, um objeto planetário chamado Theia, acabou fundindo-se tanto com a Terra quanto com a Lua.
A ideia de que a Lua foi formada como parte de uma “pane” no Sistema Solar não é nova, mas os cientistas propuseram, no passado, que Theia simplesmente teve uma parte destruída pela Terra, gerando a Lua em sua órbita e, em seguida, continuou em seu caminho no espaço. Agora, a pesquisa da equipe da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, EUA, sugere que Theia na verdade, nunca nos deixou, e sim, juntou-se a nós.
Para descobrir isso, a equipe analisou rochas lunares trazidas à Terra pelas missões Apollo, assim como seis rochas vulcânicas do manto da Terra. Eles observaram isótopos de oxigênio contidos nas rochas, o que significa que eles estavam contando o número de prótons e nêutrons em átomos de oxigênio. Isso é importante, porque as rochas de cada corpo planetário em nosso Sistema Solar possuem uma relação única de “impressão digital” de isótopos de oxigênio, que pode ser usada para identificar suas origens.
Por exemplo, mais de 99,9% do oxigênio da Terra é O-16, o que significa que cada átomo possui oito prótons e oito nêutrons. Mas há também pequenas quantidades de O-17 e O-18 na Terra. E é justamente esta relação entre O-16 e O-17 que os cientistas podem usar para descobrir de onde as rochas e outras substâncias podem ter vindo. Se Theia simplesmente tivesse destinado uma parte à Terra, produzindo a Lua, como previsto anteriormente, a Lua seria composta principalmente de objetos de Theia e da Terra. Assim, as rochas da Lua teriam diferentes relações de isótopos de oxigênio. Mas este não foi o caso. “Nós não vimos qualquer diferença entre isótopos de oxigênio da Lua e da Terra, eles são indistinguíveis”, disse o pesquisador Edward Young.
As conclusões reviveram uma hipótese proposta anteriormente (conhecida como Big Splash), que afirmava que Theia e a Terra realmente tiveram uma colisão frontal, causando, como resultado, uma fundição entre os corpos. “Theia foi muito bem misturada, tanto com a Terra quanto com a Lua, sendo uniformemente dispersa entre elas. Isso explica porque não vemos uma assinatura diferente de Theia na Lua em relação à Terra”, explicou Young.
Apesar de não existirem muitas informações sobre Theia, Young e sua equipe acreditam que o embrião planetário foi semelhante em tamanho à Terra, enquanto outros acreditam que ele teria tamanho semelhante a Marte. O novo estudo explica que não há evidências de que Theia estivesse crescendo, e se houvesse sobrevivido ao acidente, o corpo teria se tornado um planeta. Se confirmada, a pesquisa publicada na revista Science poderá mudar a nossa compreensão da formação e da evolução do planeta. O estudo também poderia ajudar a descobrir a origem da água em nosso planeta, justamente por conta da colisão de frente com Theia.
[ Science Alert ] [ Foto: Reprodução / UCLA ]