A famosa e misteriosa “Zona do Silêncio” do México realmente existe?

de Merelyn Cerqueira 0

Há quem afirme existir uma estranha área no México, dramaticamente nomeada como “Zona do Silêncio”, onde, supostamente, relógios e aparelhos elétricos apresentam estranhas falhas – por isso o nome. No entanto, até o momento, não surgiram explicações razoáveis para os incidentes e a questão parece ser um pouco mais complicada do que parece. Há placas indicando o caminho para tal Zona. A área estaria localizada entre um deserto compartilhado pelos estados de Durando, Chihuahua e a Coahuila.

Supõe-se que a Zona do Silêncio, no período Eoceno que compete a era Cenozoica (aproximadamente 30 milhões de anos atrás), tenha sido submersa pelo mar de Tétis, e portanto, é possível que ali seja encontrada uma quantidade impressionante de fósseis marinhos.

O nome sugestivo também pode ser explicado: devido à queda de um foguete norte-americano apelidado de Athenas – que aparentemente perdeu o controle e caiu por ali – cunharam o termo. Os responsáveis teriam levado mais tempo do que o habitual para encontrar os fragmentos, porque bússolas e relógios não funcionavam bem na região. Formando assim, a equação perfeita para o surgimento e a propagação de rumores.

Quando os habitantes mencionaram os problemas com sinais de rádio, especialistas passaram a investigar a hipótese de que havia uma espécie de cone magnético que gerava ionização na atmosfera, produzindo ruídos nas ondas. Logo, se adicionarmos a presença abundante de meteoritos e fósseis, é compreensível como a área já tenha sido alvo de especulações sobre alienígenas. Pessoas chegaram a dizer que na Zona de Silêncio não se consegue ouvir nada, nem mesmo a conversa dos outros.

A verdade, no entanto, é que apesar de parecer imóvel, ela não tem um local exato, e isso explica o surgimento do mito. As pessoas mais habituadas com a região costumam oferecer excursões para turistas, prometendo experiências paranormais. Com isso, surgiu um fluxo diário de pessoas que iam até lá em busca de óvnis e “energias”.

Aos poucos, esses turistas foram percebendo que tal região não era fácil de localizar, e a tese do cone magnético deu lugar a um novo argumento de que essas mudanças ocorram em razão das mudanças climáticas, ou que outros “pontos de silêncio” se movam a esmo através do deserto. O estranho, no entanto, é que os próprios autores de tal hipótese nunca tinham visto nada de anormal lá.

Outro evento dramático que envolve a Zona do Silêncio é a evidência da pobreza local que provocou a venda dos antigos fósseis – que hoje são difíceis de encontrar. A flora na região também diminuiu. Hoje, os cactos são mais abundantes, mas a venda indiscriminada está causando uma diminuição gradual deles. As tartarugas do deserto, que eram endêmicas, estão à beira da extinção.

Contudo, ainda se pode contar com a presença de lebres, coelhos, camundongos, cangurus, raposas, coiotes e corujas, considerada abundante para um deserto. Com a preocupação de proteger essa biodiversidade, a UNESCO estabeleceu um programa em parceria com institutos de ecologia para preservar uma área de aproximadamente 160.000 hectares.

Nos últimos anos, grupos de cientistas de várias partes do mundo têm trabalhado em pesquisas e esforços para recuperar a vida das tartarugas ali, bem como outras espécies. Eles relataram que, mesmo depois de dois anos de estudos, nenhum dos inúmeros equipamentos de monitoração e comunicação apresentou falhas. E certamente, nunca detectaram a presença da tal Zona do Silêncio.

[ Foto: Reprodução / Internet ]

Jornal Ciência