Tratamento com células-tronco é colocado em prática para tentar curar os diabéticos

de Bruno Rizzato 0

O desenvolvimento do primeiro tratamento com células-tronco para diabetes tipo 1 foi acelerado após testes em animais indicarem que a técnica poderia curar o perigoso distúrbio hormonal.

As empresas Johnson & Johnson e ViaCyte, de biotecnologia, já começaram a testar o tratamento em um pequeno número de pacientes diabéticos. Se ele funcionar bem em seres humanos, assim como funcionou com animais, poderia levar à cura do problema, acabando com a necessidade de injeções de insulina e testes de açúcar no sangue.

A terapia envolve a indução de células estaminais embrionárias em laboratório para que elas se transformem em células produtoras de insulina. Em seguida, elas são colocadas dentro de uma pequena cápsula que é implantada sob a pele. A cápsula protege as células do sistema imunológico, que as atacariam como sendo invasores. Este era o maior obstáculo dos outros projetos de pesquisa.

Pesquisadores de universidades e outras empresas farmacêuticas também estão trabalhando para criar uma cura, usando várias estratégias. Porém, de acordo com ViaCyte, este tratamento é o primeiro testado em pacientes. Se o projeto for bem-sucedido, o produto poderia estar disponível daqui alguns anos para diabéticos tipo 1, podendo até tratar diabéticos tipo 2, usando insulina.

“Este é um projeto real. É como criar um novo pâncreas que faz com que todos os hormônios necessários controlem o açúcar no sangue”, disse o Dr. Tom Donner, diretor do centro de diabetes na Johns Hopkins University School of Medicine. Ele não está envolvido na pesquisa, mas disse que caso o dispositivo dê aos pacientes níveis normais de insulina, poderá impedir que milhões de diabéticos tenha complicações perigosas.

Implicações na produção de insulina

Pessoas com diabetes tipo 1 não produzem insulina, o hormônio que converte o açúcar no sangue em energia, pois o sistema imunológico acabou expulsando células-beta do pâncreas. Estas são as células que produzem insulina em resposta ao aumento dos níveis de açúcar após uma refeição.

Ao longo dos anos, o excesso de açúcar causa danos na corrente sanguínea e órgãos. Sem tratamento eficaz, os diabéticos sofrem complicações graves, como cegueira, insuficiência renal, doenças cardíacas, amputações e até mesmo a morte prematura. Por outro lado, excesso de insulina pode causar níveis muito baixos de açúcar no sangue, o que pode matar os pacientes, especialmente crianças.

Há cada vez mais diabéticos

Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde realizada pelo Ministério da Saúde em 2015, em parceria com o IBGE, 9 milhões de brasileiros possuem diabetes. Isso equivale a 6,2% da população adulta no país. A taxa de prevalência da doença por faixa etária, representa 0,6% entre pessoas de 18 a 29 anos; 5% de 30 a 59 anos; 14,5% entre 60 e 64 anos e 19,9% entre 65 e 74 anos. Nos idosos com mais de 75 anos, o percentual foi de 19,6%.

Enquanto isso, estima-se que cerca de 85 por cento de todos os afetados do mundo, também possuam diabetes tipo 2, ou seja, o corpo produz insulina, mas não consegue usá-la de forma eficiente. Este número está aumentando exponencialmente devido à epidemia global de obesidade e estilos de vida sedentários.

Muitos pacientes não conseguem controlar o problema, pois o tratamento é desgastante, exigindo uma rigorosa dieta, exercícios frequentes, múltiplas injeções diárias de insulina e outros medicamentos, aliados ao teste de açúcar no sangue. Além disso, alguns diabéticos não podem pagar os caros medicamentos, o que piora o problema em países subdesenvolvidos.

[ News ] [ Foto: Reprodução / Pixabay ]

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