Nova variedade de célula produtora de insulina foi descoberta no pâncreas

de Julia Moretto 0

Pesquisadores descobriram um novo tipo de célula produtora de insulina escondida no pâncreas. Essa novidade oferece nova esperança para um melhor entendimento e um futuro tratamento de diabetes tipo 1.

Diabetes tipo 1 ocorre quando o sistema imunológico de uma pessoa mata a maioria de suas células beta produtoras de insulina.

Como a insulina é o hormônio que regula o nosso açúcar no sangue, diabéticos tipo 1 se tornam dependentes da insulina. 

Para tratá-la corretamente, os investigadores precisariam encontrar uma maneira de regenerar as células beta de um paciente e impedir que sejam atacadas no futuro.

A descoberta dessas células anteriormente despercebidas no pâncreas – que a equipe está chamando de “células beta virgens” – poderia oferecer uma nova rota para o crescimento de células beta saudáveis ​​e maduras – e também fornece uma visão sobre os mecanismos básicos por trás da doença. 

“Vimos avanços fenomenais na gestão da diabetes, mas não podemos curá-la”, disse o pesquisador Mark Huising, da Universidade da Califórnia, em Davis. “Se você quer curar a doença, tem que compreender como trabalha na situação normal”.

Para conseguirem uma visão melhor sobre o que acontece com um organismo acometido por diabetes tipo 1, os pesquisadores estudaram tanto os ratos quanto o tecido humano. 

Huising e sua equipe analisaram as regiões dentro do pâncreas conhecidas como as ilhotas de Langerhans, que em seres humanos e camundongos saudáveis, compreendem a região que contém as células beta que detectam os níveis de açúcar no sangue ao redor do corpo e produzem insulina.

Os pesquisadores também sabem que as ilhotas contêm células chamadas células alfa, que produzem glucagon, um hormônio que aumenta o açúcar no sangue. Estas células alfa, combinadas com as células beta que diminuem o açúcar no sangue, são o sistema de como o organismo regula os níveis de açúcar no sangue.

Mas em pacientes com diabetes tipo 1, duas coisas dão errado: as células beta são mortas pelo próprio sistema imunológico do corpo e, em seguida, deixam de se regenerar. 

A fim de tratar a doença, precisamos encontrar uma maneira de superar ambos os problemas. Durante décadas, os cientistas buscaram esse resultado através da divisão de outras células beta adultas.

Mas, depois de usar novas técnicas de microscópio para estudar o tecido das ilhotas no laboratório, Huising e sua equipe encontraram um novo tipo de célula espalhado pelas bordas das ilhotas que ninguém tinha notado antes – e pareciam muito com células beta imaturas, sugerindo que houvesse uma outra forma de como as células estavam sendo feitas.

Estudos posteriores revelaram que estas novas células beta virgens poderiam produzir insulina, mas não possuíam os receptores para detectar glicose, portanto não poderiam funcionar como células beta maduras.

Os pesquisadores também observaram algumas células beta maduras nas ilhotas em transição para células alfa – representando uma via de geração de células alfa completamente inesperada.

Essas novas células agora precisam ser confirmadas em humanos e animais vivos – e não apenas em tecido no laboratório. Mas o fato de que agora temos provas de que elas existem, novas pesquisa sobre diabetes tipo 1 e tratamentos podem ser realizadas.

De acordo com Huising, há duas razões principais para ficar animado com o resultado: em primeiro lugar, ele representa uma nova população de células beta em humanos e ratos que não tínhamos ideia, em segundo lugar, fornece uma nova fonte sobre as células beta que poderiam ser usadas para tratar diabéticos.

“Finalmente, entender como essas células amadurecem em células beta funcionais pode ajudar no desenvolvimento de terapias com células-tronco para diabetes”, explica um membro da equipe em um comunicado de imprensa.

A pesquisa também poderia ter benefícios para a diabetes tipo 2, que ocorre quando as células beta se tornam inativas e param de liberar ou secretar insulina. Os resultados foram publicados em Cell Metabolism.

Fonte: Science Alert Foto: Reprodução / Science Alert

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