Uma espécie de biscoito wafer que adere ao interior da bochecha poderia banir a necessidade de injeções diárias de insulina em pessoas com diabetes. O método contém aproximadamente a mesma dose de insulina normalmente administrada através de uma agulha, e os estudos iniciais sugerem que o hormônio funcionaria de forma muito mais efetiva.
A bolacha, conhecida como MSL-001, fornece insulina rapidamente através dos milhares de pequenos vasos sanguíneos capilares, que revestem a superfície interior da bochecha e a parte inferior da língua. As finas paredes capilares podem absorver rapidamente o medicamento.
Os diabéticos precisam que a insulina seja absorvida rapidamente para evitar picos de açúcar no sangue depois de refeições. Espera-se que essa nova tecnologia possa ajudar milhares de pacientes que não gostam de usar agulhas para administrar a insulina várias vezes ao dia.
A insulina, que é produzida pelo pâncreas, ajuda as células a absorver o açúcar do sangue para queimar como uma fonte de combustível. Em pessoas com diabetes tipo 1, o pâncreas não produz insulina suficiente. Nos pacientes com diabetes tipo 2, a pouca quantidade produzida ou as células tornam-se resistentes aos seus efeitos. Sem os níveis adequados de insulina, altos níveis de açúcar no sangue danificam os vasos capilares que alimentam os principais órgãos e obstruem o fluxo de sangue, causando danos irreversíveis.
A diabetes tipo 1 tende a afetar os jovens, podendo ser acionada pelo ataque do sistema imunológico às células produtoras de insulina. O tratamento envolve a reposição da insulina. A diabetes tipo 2 é mais comum e associada à obesidade e falta de atividade física.
Embora possa ser controlada através de mudanças na dieta, tais como a redução de alimentos gordurosos, e medicamentos como a metformina – que baixa os níveis de açúcar no sangue – quanto maior a idade de alguém, maior é a necessidade de insulina. Há anos os cientistas tentam encontrar formas alternativas de fornecer insulina. Pílulas se mostraram complicadas, pois a insulina é uma proteína que seria dissipada no estômago e no intestino delgado antes de ser liberada no sangue.
O novo wafer – pequeno tablete que se dissolve na boca – foi desenvolvido pela empresa Midatech, com sede em Oxford, na Inglaterra. Ele é absorvido dentro de 30 segundos, liberando milhares de minúsculas partículas de ouro que ajudam o transporte de insulina através das aberturas nas paredes dos vasos sanguíneos. Uma vez absorvidas, as partículas separam o ouro nos rins, onde serão liberados pela urina, enquanto a insulina é liberada para reduzir o açúcar no sangue.
Um estudo inicial, feito no ano passado, em 27 pacientes com diabetes tipo 1, mostrou que a insulina do wafer foi absorvida mais rapidamente do que quando injetada, sem efeitos colaterais, de acordo com uma apresentação na conferência American Diabetes Association. Um estudo está em andamento em 12 pacientes de diabetes tipo 1, na Austrália, que serão monitorados usando o biscoito, e depois, usando insulina injetada, para verificar se há uma diferença na forma como os níveis de açúcar no sangue são controlados e o risco de complicações.
Philip Home, um professor de medicina diabetes da Universidade de Newcastle, disse que o biscoito poderia controlar picos de açúcar no sangue após as refeições porque a insulina é absorvida mais rapidamente do que através de injeções. Mas ele alertou que, em algumas pessoas, a dose consumida via oral poderia não atingir a corrente sanguínea – onde ela é necessária. O que talvez signifique que diabéticos poderiam necessitar de doses muito maiores do que as presentes nos wafers para garantir a entrada de quantidades adequadas na corrente sanguínea.
[ Daily Mail ] [ Foto: Meramente Ilustrativa / health-friends ]