Imagine que o tempo estivesse correndo ao contrário. As pessoas ficariam cada vez mais jovens ao invés de envelhecerem gradualmente, desaprenderiam tudo o que sabem e, por fim, terminariam em um brilho nos olhos dos pais.
Esse pode ser o tempo representado em uma das obras do escritor de ficção científica Philip K. Dick, mas, surpreendentemente, e de acordo com Thomas Kitiching, astrofísico na University of College London em um artigo publicado pelo The Conversation, a direção do tempo é uma questão que ainda intriga a Cosmologia.
Enquanto nós acreditamos nessa versão do tempo em que vivemos, correndo em uma determinada direção que avança e não regride, os físicos acreditam que a maioria das leis naturais possui um tempo reversível, o que significa que elas funcionariam bem se o tempo estivesse voltando ou avançando.
Por que o tempo sempre avança?
Qualquer conceito universal sobre o tempo deve ser feito com base na evolução do próprio cosmo. Quando você olha para o Universo que está diante de seus olhos, também está vendo os eventos que aconteceram no passado. Na verdade, mesmo uma observação simples pode nos ajudar a entender o tempo cosmológico.
Por exemplo, o fato de o céu noturno ser escuro. Se o Universo tivesse um passado infinito em extensão, o céu noturno seria completamente brilhante, porque seria preenchido com a luz de um número infinito de estrelas que sempre existiu dentro do cosmo.
Durante muito tempo os cientistas, incluindo Albert Einstein, pensaram que o Universo era estático e infinito. No entanto, as observações têm mostrado que ele está se expandindo cada vez mais e em uma velocidade acelerada.
Isso explicaria que a origem dele foi a partir de um momento mais compacto, que nós conhecemos com Big Bang, e implicaria na ideia de que o tempo não tem um começo. Porém, para todos os efeitos, ainda existe a Teoria da Relatividade, de Einstein, que afirma que quanto mais rápido você se mover em relação a um corpo, mais lento o tempo irá passar para você em relação a esse corpo.
Sendo assim, em nosso Universo em expansão, as galáxias, estrelas e planetas que estão em constante movimento possuem experiências de tempo variadas, ou seja, a noção de passado, presente e futuro de tudo é relativa.
Como o Universo é, em média, o mesmo em todos os lugares e direções, parece não existir um “tempo cósmico”, porém, ele pode ser medido. Isso pode ser feito medindo as propriedades da radiação cósmica, o que de fato já foi feito para determinar a idade do Universo, conhecida como idade cósmica, que dá cerca de 13,799 bilhões de anos.
Mas o que é, exatamente, o tempo?
Para descompactar esta pergunta, temos de olhar para as propriedades básicas de espaço e tempo. Na dimensão do espaço você pode mover-se para frente e para trás. Porém, o tempo é diferente, ele possui uma direção. Você pode sempre avançar, mas nunca retroceder. Sendo assim, para explicar o porquê de o próprio tempo ser irreversível, temos de encontrar processos na natureza que também sejam irreversíveis.
Uma ideia proposta pela Física afirma que as coisas tendem a ficar menos inteiras, ou arrumadas com o passar do tempo, e é descrita por uma propriedade chamada “entropia”.
É como se você quebrasse um ovo para fazer uma omelete e não pudesse reverter esse processo: o ovo já está quebrado dentro de uma panela e nunca mais poderá voltar a sua forma inicial. Essa mesma ideia acontece com o Universo, à medida que ele evolui, a entropia global aumenta.
E embora pareça que tudo isso está acontecendo de forma ordenada, é justamente o contrário. A gravidade pode estar puxando a matéria escura em condições desordenadas e a escondendo em campos gravitacionais. Sendo assim, essa desordem existe, mesmo que nós não possamos vê-la.
O Universo poderia ter um fim?
Tudo vai depender na natureza da energia escura, responsável por essa expansão que está acontecendo em ritmo acelerado. O nível dessa expansão pode, eventualmente, destruir o Universo, forçando-o a uma “Grande Ruptura” (Big Rip).
Alternativamente, a energia escura também poderia decair, o que faria com que o Universo revertesse o Big Bang e terminasse em um “Grande Colapso” (Big Crunch), em que ele se expandiria para sempre, fato que pode ser explicado de acordo com as leis da Física Quântica.
Alguns físicos argumentam que a energia escura poderia causar “flutuações quânticas” – em que as partículas aleatórias podem momentaneamente sair de um vácuo – e dariam origem a um novo Big Bang, terminando nossa linha do tempo e começando uma completamente nova.
No entanto, isso é extremante especulativo e altamente improvável, o que sabemos é que só quando a energia escura for 100% entendida é que cientistas poderão descobrir o destino final do Universo.
[ Fonte: Daily Mail / Mundo Estranho ]
[ Foto: Reprodução / Daily Mail ]