Por que a música facilita a realização de exercícios físicos?

de Merelyn Cerqueira 0

Conforme as épocas mais quentes do ano se aproximam, milhares de pessoas correm às academias para queimar as gorduras adquiridas no inverno.

O que não costuma faltar na hora dos exercícios é música, muito utilizada pela maioria das pessoas, parece até facilitar todo o processo. Mas por que essa combinação funciona tão bem?

Há uma série de estudos que tenta entender a relação de nossos pés com nossos ouvidos e é exatamente isso que o psicólogo de esportes Costas Karageorghis, Universidade Brunel da Grã-Bretanha, tentou mostrar em um estudo publicado no Journal of Sport and Exercise Psychology, em 2009. O estudo comprovou que existem quatro fatores importantes que contribuem para qualidades motivacionais de uma música: resposta ao ritmo, musicalidade, impacto cultural e associação.

Os dois primeiros, segundo Karageorghis, são conhecidos como fatores “internos”, já que se relacionam com a estrutura da música, enquanto que os outros são “externos”, e dizem respeito à forma como a interpretamos. A resposta ao ritmo é ligada às batidas por minuto (BPM) da música. A harmonia e melodia, associadas à estrutura, contribuem para a musicalidade. Os fatores externos consideram o gosto e a preferência para determinados gêneros musicais, ao passo que também aprendemos a associar as músicas aos seus respectivos artistas.

Logo, segundo o especialista, escolher a música certa pode ter vários benefícios. As sincronizações das batidas com o ritmo, por exemplo, aumentam a eficiência dos exercícios. Em um estudo realizado em meados de 2009, cientistas pediram que os participantes pedalassem no mesmo ritmo de uma música. Eles descobriram que esse exercício exigia 7% menos de oxigênio do que quando feito em condições normais.

A música também pode ajudar a bloquear aquela “voz” mental que sugere a hora de parar. A pesquisa de Karageorghis mostrou que esse efeito de dissociação resulta em uma redução de 10% do esforço percebido durante uma corrida em esteira realizada em intensidade moderada. Karageorghis avaliou 30 indivíduos, ele pediu que sincronizassem o ritmo do exercício com o da música, que era de 125 bpm. Antes do experimento, um grupo foi avaliado a partir de um questionário, e em seguida selecionaram entre os gêneros de pop e rock, músicas motivacionais para a realização dos exercícios.

Quando comparados a um grupo de controle, que não utilizou músicas, a sincronização levou a uma melhora de 15% na resistência física, bem como as qualidades motivacionais da música tiveram impacto significativo sobre a interpretação dos sintomas de fadiga e ponto de exaustão voluntária.

Quando combinaram as batidas por minuto da música com a frequência cardíaca do exercício, os pesquisadores descobriram que, quando o coração estava atuando entre 30 e 70% de sua capacidade máxima, os participantes preferiam músicas entre 90 e 120 bpm. Quando atingem 70 e 80% da capacidade, o ritmo preferido é o de 120 a 150 bpm. Acima dos 80%, considerado valor limite, a preferência é por músicas menos velozes.

Em outro estudo, realizado pela Universidade John Moores, em Liverpool, os cientistas pediram que voluntários pedalassem ao som da mesma música em três exercícios diferentes. O que eles não sabiam era que elas foram tocadas em ritmos desiguais. As mudanças não foram tão significantes para serem notadas pelos participantes, mas elas de fato afetaram os desempenhos. Na versão acelerada, foi observado um aumento na distância percorrida e na intensidade das pedaladas. Diferente disso, quando reduzida em 10%, o impacto foi de uma queda de 3,8% na distância, e 9,8% na intensidade das pedaladas.

Logo, os cientistas assumem que construir uma playlist personalizada e de ritmos diferentes com base nos exercícios que serão realizados pode ajudar na hora de malhar. Com a combinação certa, o cérebro e os pés poderão estar em perfeita harmonia.

[ NBC News ] [ Fotos: Reprodução / Natural Blaze ]

Jornal Ciência