Por que algumas músicas grudam e não saem da sua cabeça?

de Bruno Rizzato 0

Você já ficou com alguma música presa em sua cabeça, e cantarolou ela durante horas, ou talvez dias?

Provavelmente sim, pois o fenômeno é bastante comum. Um estudo da Proceedings da 10ª Conferência Internacional sobre Percepção Musical e Cognição, descobriu que mais de 91% das pessoas relataram ter ficado com uma música na cabeça, pelo menos uma vez por semana, enquanto cerca de um quarto tinha ficado mais de uma vez ao dia.

Os motivos para isso acontecer são um mistério, pois, cientificamente, essas repetições grudentas (que nos EUA são chamadas de “earworms”), tendem a durar oito segundos involuntariamente, portanto, acompanhá-las em um ambiente científico pode ser uma tarefa quase impossível.

Os pesquisadores ainda precisam desenvolver métodos consistentes para indução de earworms em teste. Os dados que os pesquisadores têm coletado sobre o assunto até agora são de outras pesquisas.

As pessoas parecem não ter certeza sobre recordar quantas vezes ficaram pensando em uma música – o que faziam, os motivos e assim por diante -, ou seja, os dados não são confiáveis.

Uma pesquisa sobre a percepção musical sugere que earworms poderiam ter algo a ver com a forma como a música afeta o córtex motor do cérebro, de acordo com Elizabeth Margulis, diretora do Laboratório Musical de Cognição da Universidade de Arkansas, nos EUA.

Quando as pessoas ouvem música, há muita atividade nas regiões de planejamento motor. As pessoas muitas vezes são imaginativamente participantes até mesmo enquanto estão sentadas”, disse ela.

Escutar sons repetitivos também poderia produzir earworms. De fato, 90% do tempo, nós reproduzimos uma música que já ouvimos antes, diz Margulis, e “quando você já ouviu [a canção] quatro ou cinco vezes, uma nota carrega as implicações da próxima nota. Você pode quase sentir exatamente o que vai acontecer a seguir”.

A estrutura da canção pode contribuir para marcar o cérebro. “Existem padrões gerais das características das músicas que frequentemente ficam presas, como sendo simples, repetitivas e tendo alguma incongruência leve”, explicou James Kellaris, professor de Marketing da Universidade de Cincinnati, nos EUA, que realizou uma pesquisa sobre a influência da música na memória.

Em um estudo, pesquisadores liderados por Victoria Williamson, professora da Universidade Lucerne de Artes e Ciências Aplicadas, na Suíça e membro da Universidade de Sheffield, na Inglaterra, analisou mais de 50 características musicais diferentes e descobriu que músicas que foram mencionadas por pelo menos três pessoas diferentes em sua pesquisa tendiam a ter notas com durações mais longas e intervalos menores entre notas.

Segundo ela, isso faz sentido, pois essas são duas características principais que fazem uma pessoa sem treino musical decorar canções.

[ Fonte: Sciencefriday ]

[ Foto: Reprodução / Freestockphotos ]

Jornal Ciência