Cientista está transformando cada elemento da tabela periódica em música

de Bruno Rizzato 0

O engenheiro mecânico Asegun Henry pretende descobrir as assinaturas musicais originais de cada elemento na tabela periódica, para fornecer aos cientistas uma nova maneira de analisar a sua constante mudança na estrutura molecular.

Minha esperança é que essa seja uma ferramenta interessante para ensinar a tabela periódica, mas também para dar às pessoas alguma noção sobre a ideia de que o Universo inteiro está se movendo ao nosso redor e fazendo barulho, que você simplesmente não consegue ouvir”, disse Henry em entrevista ao Gizmodo.

Tudo no Universo é feito de átomos, e esses átomos estão em um estado constante de movimento.

Dependendo da velocidade com que estão vibrando dentro dos laços entre as moléculas maiores, é possível obter algo em estado sólido, líquido, gasoso ou plasma.

Essas vibrações – ou “ondas” – determinam as propriedades específicas de um elemento, como densidade e condutividade térmica, por isso, quanto melhor for a nossa compreensão sobre esse comportamento dos átomos, mais saberemos sobre as capacidades de um determinado elemento. “A forma como a energia da interação muda com relação à distância entre as moléculas, dita muita coisa sobre a física”, disse Henry, que está montando o catálogo de assinaturas musicais dos elementos pelo Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos EUA. 

Temos de abrandar as vibrações dos átomos para ouvi-los, porque elas são muito rápidas e de alta frequência. Mesmo assim será possível ouvir a diferença entre algo baixo na tabela periódica e algo como o carbono, que é muito alto. Um vai soar estridente, e o outro soará baixo”, acrescentou ele.

A ideia baseia-se no fato de que, em estudos anteriores, cientistas descobriram propriedades de elementos através do emprego de diferentes sentidos. Os movimentos de moléculas dentro de um elemento podem, às vezes, ser tão sutis e curtos que jamais seriam notados. Uma pequena mudança em seu tom, no entanto, pode fazer toda a diferença.

Embora possa soar um projeto “divertido”, na verdade, é uma técnica testada em um projeto da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear, conhecida como CERN, chamado LHCSound, para analisar os dados de colisões de partículas, o que permitiu aos físicos detectarem partículas subatômicas pelo som. Henry ainda usou a técnica para identificar novas propriedades em polímeros que não aparecem em modelos computacionais e simulações de vibrações atômicas.

O pesquisador publicou seu trabalho de sonificação no Journal of Applied Physics, e pediu que a National Science Foundation transforme seu catálogo em um aplicativo, não apenas para que as pessoas possam ouvir as assinaturas musicais, como também possam criar sua própria. Enquanto isso, é possível ouvir o silício cristalino, no link a seguir:

[ Foto: Reprodução / You Tube ]

Jornal Ciência