A Guiné, país da África Ocidental, está lutando contra um novo surto de ebola, com pelo menos três mortes confirmadas em uma região que já foi o ponto de partida para a pior epidemia mundial da doença. A informação foi dada pelo Ministério da Saúde à Reuters.
As três pessoas que morreram – duas mulheres e um homem – estavam entre as sete pessoas que adoeceram com sintomas como diarreia, vômito e sangramento após comparecer ao enterro de uma enfermeira no sudeste do país em 1º de fevereiro.
As autoridades de saúde confirmaram um surto no último domingo (14), depois que um laboratório descobriu o vírus nas três primeiras amostras testadas dos pacientes. “O governo garante às pessoas que todas as medidas estão sendo tomadas para conter a epidemia o mais rápido possível”, disse o ministério em um post no Facebook.
O governo pediu às pessoas que relatassem quaisquer outros sintomas às autoridades de saúde e que seguissem medidas de higiene e prevenção, além de informar que vai acelerar a entrega de vacinas à região e abrir um centro para atender os casos detectados.
O ressurgimento ocorre enquanto a África Ocidental ainda está lutando com a pandemia do coronavírus e depois que a República Democrática do Congo também descobrir novos casos de ebola, três meses depois que as autoridades de saúde disseram que erradicaram o último surto.
A Guiné não via um caso de ebola desde 2016, quando chegou ao fim de uma epidemia que começou em sua região sudeste em 2014. Esse surto, o mais mortal até agora, se espalhou pelas vizinhas Libéria e Serra Leoa, infectando mais de 28.000 pessoas em 10 países e matando mais de 11.000.
Desde então, porém, os pesquisadores encontraram novas vacinas, tratamentos e testes de diagnóstico rápido, bem como novas maneiras de responder a surtos.
“Dadas essas novas ferramentas, além do fato de que profissionais de saúde guineenses qualificados, que já têm experiência em responder ao Ebola, estão no local, esperamos ser capazes de controlar este surto rapidamente”, disse Nicolas Mouly, gerente do Programa de Resposta de Emergência no Alliance for International Medical Action, em um comunicado.
O alerta foi disparado muito mais rápido do que no surto de 2014-2016. Os profissionais de saúde locais identificaram o grupo de casos e as equipes de rastreadores de contato foram rapidamente reforçadas.
“Muitas lições foram aprendidas, incluindo a necessidade de envolver as comunidades desde o início”, disse Georges Ki-Zerbo, chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS) na Guiné.
“Isso inclui os curandeiros tradicionais, que muitas vezes são o primeiro porto de escala das pessoas nas zonas rurais da Guiné que procuram tratamento para doenças”, salientou.
Matshidiso Moeti, diretora regional da Organização Mundial da Saúde para a África, disse no Twitter que estava “muito preocupada” com os relatórios da Guiné e que a agência estava “aumentando a prontidão e os esforços de resposta a esse potencial ressurgimento”.
Espalhado pelo contato com fluidos ou secreções corporais de uma pessoa infectada ou falecida recentemente, o vírus ebola causa febre hemorrágica com uma taxa média de mortalidade de cerca de 50%, embora duas vacinas estejam disponíveis contra ele.
As vacinas estão sendo preparadas para embarque para a Guiné e devem chegar nos próximos dias.
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