Zika vírus pode estar relacionado a uma síndrome rara que causa paralisia

de Merelyn Cerqueira 0

O recente surto de Zika vírus – transmitido por meio da picada do mosquito Aedes aegypti – que vem acontecendo em países da América Latina e no Caribe, chamou a atenção de pesquisadores para o crescimento de uma condição, até então rara, chamada de síndrome de Guillain-Barré (SGB).

A doença autoimune, geralmente se desenvolve após infecções bacterianas e virais, pode causar paralisia – pois provoca uma fraqueza muscular que geralmente começa nas pernas e se espalha pelos braços e rosto – e, em alguns casos, levar à morte.

Atualmente, o Zika vírus está relacionado ao surto de casos de microcefalia que atinge o país. Enquanto que a maneira que esse vírus pode afetar o desenvolvimento dos cérebros dos bebês ainda permanece um mistério, as autoridades do Brasil, Colômbia e El Salvador seguem pedindo para que as mulheres adiem a gravidez com a finalidade de evitar esse risco.

Além disso, o aumento de incidência de casos da síndrome de Guillain-Barré, também colocou as autoridades em estado de alerta. Isso porque a doença pode atingir pessoas de qualquer idade. Ela se caracteriza por afetar os nervos periféricos que conectam o cérebro com a medula espinhal e se desenvolve quando o sistema imunológico passa a produzir anticorpos que garantem o bom funcionamento dos nervos, comprometendo a capacidade de uma pessoa realizar movimentos básicos.

A ligação entre as duas condições foi observada pela primeira vez na Polinésia Francesa, em 2013, quando houve um aumento muito grande dos casos de Zika vírus. Com isso, os funcionários da saúde também observaram um salto nos casos da Síndrome de Guillain-Barré.

Segundo a OMS, as autoridades de El Salvador informaram 46 casos relacionados à síndrome. Dos 22 pacientes sobre os quais havia informações completas, 12 tinham experimentado os sintomas do Zika vírus nos 15 dias anteriores.

“Eu acredito que é altamente plausível que o vírus Zika esteja causando esta epidemia da síndrome de Guillain-Barré, porém nós ainda não temos evidências concretas para fazer esse diagnóstico”, disse Albert Ko, professor de epidemiologia na Escola de Saúde Pública da Universidade de Yale, e que realizou uma pesquisa de duas décadas no Nordeste do Brasil.

Aqui no Brasil, a relação do Zika vírus e os casos de Guillan-Barré, ainda está sendo investigada. O Ministério da Saúde reconhece a ligação entre as doenças, mas não há um levantamento oficial de dados nacionais relacionados à SGB.

Na capa, foto da espécie Aedes albopictus, que também consegue transmitir o Zika. 

Fonte: The GuardianZH / Minha Vida Foto: Reprodução /  Wikipédia

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