A epidemia de ebola na África Ocidental, que começou em 2013, resultou em quase 29.000 casos da doença e mais de 11.000 mortes.
Agora, os cientistas dizem que a maioria desses casos foram provocados por uma parcela muito pequena dos infectados – pessoas chamadas de “superespalhadores”. De acordo com um novo estudo, estes “superespalhadores” atingiram apenas 3% dos infectados durante a epidemia, porém foram os responsáveis por infectar 61% de todos os casos da doença.
O biólogo populacional Benjamin Dalziel da Oregon State University e sua equipe analisaram dados sobre 200 mortos entre outubro de 2014 e março de 2015 em Freetown, capital da Serra Leoa. Usando modelagem de computador para reconstruir as transmissões de Ebola entre as pessoas, a equipe descobriu que uma pequena porcentagem de pacientes passou a espalhar a infecção para um amplo espectro de outros na comunidade.
Ebola se espalha entre seres humanos quando as pessoas entram em contato com os fluidos corporais dos infectados, como sangue, suor ou tocando objetos que foram contaminados por esses fluidos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerimônias fúnebres, onde os enlutados têm contato direto com o corpo do falecido, são uma das principais maneiras de contágio.
Segundo a pesquisa, em média, cada pessoa infectada transmitiu para mais 2,39 pessoas. As crianças menores de 15 anos e adultos com mais de 45 anos eram mais propensos a ser superespalhadores. Eles também foram mais propensos a espalhar a infecção dentro da comunidade. Ao visitar essas pessoas infectadas em casa, é possível que os cuidadores locais possam ter sido mais propensos a tocar ou abraçar crianças doentes ou adultos idosos e, ao fazê-lo, foram infectados.
Os adultos mais velhos também são mais propensos a organizar e desempenhar papéis em funerais, o que os pesquisadores dizem ser um grande contribuinte para infecções em Serra Leoa. Fora da África, o contexto para a transmissão seria diferente. Os superespalhadores também foram identificados em epidemias anteriores, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) em 2003 e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio em 2012.
Embora cada epidemia e contexto seja diferente, estudar como os superespalhadores transmitem suas infecções dentro de seu ambiente social poderia nos ajudar a identificar formas de reduzir drasticamente o número de mortos. “Na próxima vez em que houver outra epidemia, ebola ou de outra forma, as evidências sugerem que vale a pena fazer uma pergunta antes: quais são os superespalhadores aqui e quais são os contextos importantes em que a doença pode se propagar”, disse Dalziel. Os resultados foram relatados nos Proceedings da Academia Nacional de Ciências.
[ Science Alert ] [ Fotos: Reprodução / Science Alert ]