Fomos enganados? Você não precisa de 2 litros de água por dia, diz estudo em 26 países

Cientistas afirmam que os níveis de hidratação dependem de uma ampla gama variável de fatores como idade, peso e região que habita, não sendo um número tabelado

de Redação Jornal Ciência 0

Talvez este seja um dos maiores mitos já difundidos sobre temáticas de saúde: você não precisa beber 2 litros de água por dia! E, este número é mais complexo do que parece, ao menos é o que questiona um recente estudo.

Na pesquisa, fatores como peso, idade, altura, região onde mora, sexo, tipo de trabalho e clima foram levados em consideração para afirmar que algumas pessoas precisam de até 6 litros diários e não os tradicionais 2 litros mundialmente propagados.

Nas últimas décadas, o conselho médico em afirmar que devemos tomar 8 copos de água por dia, o que daria algo próximo a 2 litros, tornou-se um conselho padrão, mas a realidade é que existem poucas evidências científicas para apoiar tal afirmação.

Pesquisadores da Universidade de Wisconsin-Madison, EUA, estudaram milhares de pessoas de 26 países para descobrir quanta água elas precisavam e descobriram que isso é incrivelmente variável.

A média varia de apenas 1 litro por dia até 6 litros. Isso inclui fatores que embute a alimentação no cálculo final. Bebidas como café, chá e até outras pouco saudáveis como refrigerantes, entram no cálculo para dizer quanto você precisa.

“A ciência nunca apoiou a velha ideia dos 8 copos como uma diretriz apropriada, pois o volume total de água vem das bebidas e dos alimentos que você come”, disse o professor Dale Schoeller.

“Este trabalho é o melhor que a ciência fez até agora para medir quanta água as pessoas realmente consomem diariamente”, complementou.

Ao contrário de estudos anteriores, que apenas pediam às pessoas que dissessem quanto de água ingeriam diariamente, a atual pesquisa mediu a água à medida que ela se movia pelo corpo.

Os participantes beberam água especial “rastreável” contendo isótopos de hidrogênio e oxigênio, para que os cientistas pudessem dizer quando ela havia passado e onde pelo corpo. Eles encontraram grandes diferenças dependendo da temperatura, sexo e níveis de atividade física.

Ganho de peso e exercício são fatores importantes

Por exemplo, um homem de 20 anos, pesando 70 kg, que vive ao nível do mar, onde a temperatura média é de 10ºC, e que pratica exercícios físicos regularmente, precisa de 3,2 litros de água por dia. Uma mulher de 57 kg, também de 20 anos e morando na mesma localidade e com mesmos hábitos de exercícios, precisa de 2,7 litros diários de água.

Quando a umidade do ambiente aumentou em 50%, houve necessidade de aumentar 300 ml na ingestão diária em ambos os voluntários. Mas, se ambos aumentassem o nível de atividades físicas e gasto de energia, houve necessidade de acréscimo de 1 litro.

O ganho de peso também foi um fator importante: enquanto uma pessoa de 50 kg precisa, em média, de 2,5 litros diários, outra pesando 95 kg necessita de 5 litros por dia!

Agricultores e pessoas que executam trabalhos braçais, de grande esforço físico, especialmente em países onde as temperaturas atingem níveis tropicais, precisam de mais água por dia do que pessoas de países com altos índices de qualidade de vida e industrializados.

Origens dos 8 copos por dia

A regra dos oito copos por dia parece originar-se do Dr. Fredrick J Stare, nutricionista norte-americano que, em 1974, sugeriu um número de 6 a 8 copos.

Ele dizia que isso poderia incluir café, chá, leite, refrigerantes e cerveja, juntamente com o teor de água de frutas e vegetais. Mas, muitos profissionais, posteriormente, diziam que apenas a água em si entraria nesta conta, excluindo os alimentos.

Nutricionistas, nutrólogos e médicos especialistas em metabolismo, atualmente, aceitam (em sua grande maioria) que o corpo controla bem os níveis de água, com o corpo urinando o que não precisa e provocando sede quando precisa ser reabastecido.

Especialistas argumentam que encorajar as pessoas a beber mais água do que o corpo pede não tem significado científico. Beber muita água pode ser perigoso.

Se os rins não conseguem se livrar do excesso, ele dilui o teor de sódio do sangue, desencadeando uma condição chamada hiponatremia, que pode ser fatalA pesquisa da Universidade de Wisconsin-Madison foi publicada na prestigiada revista Science.

Fonte(s): The Telegraph Imagem de Capa: Divulgação / ZeeNews

Jornal Ciência