Tendo em mente que o envenenamento por arsênico em água potável ainda é uma preocupação para cerca de 137 milhões de pessoas em mais 70 países, pesquisadores australianos criaram um sistema de filtragem barato e simples que poderia ser a resposta para o problema.
E o dispositivo, de acordo com informações da Science Alert, pode ser feito a partir de peças recicladas. Os tratamentos atuais para remoção de arsênico das águas subterrâneas, como osmose reversa ou troca de ferro, não são considerados suficientemente eficientes ou rentáveis, o que significa que não são bem aproveitados em países como Vietnã e Bangladesh, que realmente precisam deles.
Logo, os pesquisadores da Universidade de Tecnologia de Sydney (UTS), na Austrália, em parceria com a Universidade Nacional do Vietnã, criaram o modelo fácil e barato que poderia ser uma alternativa, especialmente para os países menos desenvolvidos. O envenenamento por arsênico é um processo lendo e gradual. Eventualmente, pode resultar em vários tipos de câncer e distúrbios gastrointestinais, criando um enorme problema de saúde pública.
“Há três componentes para este sistema: uma membrana orgânica, um tanque/tambor em que essa membrana é inserida e um cartucho de absorção feito com produtos de resíduos industriais disponíveis localmente”, disse o líder do projeto,Saravanamuth Vigneswaran. “Esse sistema sustentável maximizará os recursos locais e minimizará o desperdício de arsênio e a poluição ambiental, melhorando a saúde e a qualidade de vida”.
A chamada membrana é basicamente um tipo de barreira seletiva, que também servirá para remover bactérias e conteúdos sólidos das águas subterrâneas contaminadas, assegurando que o produto final esteja próprio para consumo. “A filtragem pode ser alimentada por gravidade, energia solar ou bomba manual”, explicou Vigneswaran. “As membranas podem durar até três anos, enquanto que os cartuchos que absorvem o arsênico serão periodicamente substituídos por novos (a cada três a seis meses)”.
Os cartuchos dispensados serão transformados em materiais de construção seguros, de modo que o arsênico descartado seja aproveitado com segurança, de acordo com os pesquisadores. O projeto vem sendo aperfeiçoado há anos, e os responsáveis já produziram uma série de artigos sobre o assunto, que você pode conferir aqui.
O trabalho dos cientistas também foi recente laureado com o prêmio Tecnologia contra a Pobreza (Technology Against Poverty), oferecido por meio de uma parceria entre a innovationXchange e Google. O valor da recompensa, de mais de um milhão de reais, será utilizado para continuar transformando o trabalho em realidade.
[ Science Alert ] [ Fotos: Reprodução / Science Alert ]