Benjamin Franklin escreveu uma vez em uma carta que “neste mundo, nada se pode dizer que seja certo, exceto a morte e os impostos”.
Este fim inescapável é um pensamento assustador para a maioria das pessoas, mas de acordo com um estudo recente, pessoas altamente religiosas e as que não têm nenhuma crença tendem a ter menos medo da morte.
Pesquisadores liderados pela Universidade de Oxford descobriram essa informação através de uma série de estudos anteriores para examinar os laços entre religiosidade e ansiedade sobre a morte.
Eles também pesquisaram se uma crença no sobrenatural ajuda ou dificulta a aceitação das pessoas sobre sua própria morte definitiva.
O trabalho girava em torno de um conceito conhecido como Terror Management Theory (TMT), que pressupõe que o conflito entre o nosso desejo de viver e o conhecimento da morte inevitável é um fator chave para muitos valores culturais e rituais.
Esta consciência cria comportamentos que nos ajudam a evitar a morte ou a nos distrair dela, incluindo as especulações que fazemos em defesa de nossas visões de mundo.
É este mecanismo de defesa que informa o nosso desejo de se misturar com um determinado grupo social, influenciar nossas convicções políticas e religiosas e afeta a forma como nos envolvemos em vários rituais sociais, como ir à igreja ou assistir comícios políticos.
Esta hipótese prevê que a ansiedade sobre a morte será mais baixa entre os extremamente religiosos, uma vez que o medo da morte, naturalmente, levaria as pessoas a movimentos religiosos, onde seu estresse seria atenuado.
A equipe usou dados de 100 estudos realizados entre 1961 e 2014 para correlacionar o grau de convicção religiosa e ansiedade sobre a morte em 26.000 pessoas em todo o mundo.
Quando todos os efeitos dos estudos foram analisados em conjunto, os pesquisadores descobriram que ter uma fé forte tinha uma ligação fraca, mas significativa, com um menor medo da morte.
Não importa quais crenças ou comportamentos específicos eles observavam – se era apenas uma crença fervorosa na vida após a morte ou frequência regular da igreja – à medida que o efeito ganhava força, a ansiedade sobre a morte parecia desaparecer.
A pesquisa forneceu alguns outros detalhes interessantes, muitos dos estudos exploraram a diferença entre a religiosidade intrínseca – fé conduzida por uma visão da religião como um fim para si mesmo – e religiosidade extrínseca – fé influenciada por um valor na coesão social ou conforto pessoal.
A meta-análise constatou que aqueles que defendiam sua fé como “intrinsecamente importante” tendiam a ter menos ansiedade sobre a morte, enquanto aqueles com graus mais elevados de motivação extrínseca tendiam a ter também um maior grau de ansiedade sobre a morte.
De acordo com a hipótese de defesa da visão de mundo TMT, a maioria dos ateus se preocuparia menos com a morte – afinal, se eles se sentiam ansiosos, a hipótese prevê que iriam procurar alguma forma de aliviá-la, como a religião.
A equipe analisou os resultados de relatórios individuais e descobriu que dos 11 que incluíam dados de ateus, 10 apoiaram a opinião de que a maioria deles não estavam ansiosos sobre a morte.
“Isso complica definitivamente o velho ponto de vista de que as pessoas religiosas têm menos medo da morte do que as pessoas não religiosas. Tanto pode ser que o ateísmo também proporcione conforto ou que as pessoas que simplesmente não têm medo da morte não sejam obrigadas a buscar a religião”, disse o pesquisador Jonathon Jong da Universidade de Oxford, no Reino Unido. A pesquisa foi publicada em Religion, Brain & Behaviour.
Fonte: Science Alert / Universidade de Oxford Foto: Reprodução / Pixabay