Analgésicos para dor de dente, de cabeça ou muscular? Por que não existe apenas um que seja para todos os tipos de dores?

de Merelyn Cerqueira 0

Em um artigo publicado pela The Conversation, Maree Smith, professora de farmácia na Universidade de Queensland, tirou essa dúvida. Segundo ela, os medicamentos responsáveis por acabar com as dores são chamados de analgésicos e variam na forma como funcionam. Os que trabalham para acabar com as dores mais leves, geralmente terão menos efeitos sobre as dores mais severas, a menos que combinados com outro medicamento.

Sendo assim, se você quiser controlar a dor com mais eficácia, terá que responder a ela com uma medicação equivalente ao tipo e gravidade. Sendo assim, a especialista listou os tipos de dores mais comuns e os analgésicos mais eficazes para o tratamento. Lembrando que todo medicamento deve ser tomado com orientação médica.

Dor nociceptiva 

Esse tipo de dor deriva de uma lesão no tecido corporal e ocorre quando há ativação de nociceptores, que são receptores sensoriais que enviam sinais que causam a percepção da dor em resposta a um estímulo potencial de dano. Se a dor é leve, como uma dor de cabeça ou uma torção no tornozelo, os analgésicos de venda livre (conhecidos como OTC – over-the-couter) são os mais eficazes. São comprimidos que contêm paracetamol, aspirinas ou anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) como o ibuprofeno. O paracetamol ajudará a atenuar os sinais de dor enviados do cérebro e os AINEs são capazes de inibir a atividade das enzimas que conduzem à dor, inflamação e febre. Comprimidos com uma pequena dose de codeína também podem ser utilizados para dores moderadas, no entanto, precisam ser prescritos por um médico.

A especialista alerta para importância de lembrar que a dosagem máxima de paracetamol para um adulto é de 4 gramas (oito comprimidos) por dia. Tomar mais do que isso pode causar danos ao fígado.

Dor neuropática

Nesse caso a dor é causada por danos nos nervos, isto é, quando eles não estão funcionando corretamente. Analgésicos como morfina, AINEs e paracetamol são os mais eficazes para o alívio desse tipo de dor. Isso se explica pelo fato de que os mecanismos subjacentes que causam a dor neuropática são diferentes dos que induzem à dor nociceptiva e à inflamatória aguda.

Medicamentos que originalmente foram desenvolvidos para tratar casos de depressão e epilepsia, geralmente são recomendados como tratamentos eficazes para o alívio da dor neuropática. Eles aumentam a sinalização que inibe as dores, que são enviadas pelo cérebro e medula espinhal.

Enxaqueca

analgesico

Esse tipo de dor muitas vezes vem acompanhado de náuseas, vômitos e sensibilidade à luz e som, podendo durar algumas horas ou até mesmo dias.  Atinge cerca de 30 milhões de brasileiros, segundo dados publicados pela revista Exame.

Analgésicos como paracetamol, aspirina, ibuprofeno ou ergotamina (desenvolvidos especificamente para aliviar a enxaqueca por estreitamento dos vasos sanguíneos no cérebro) são tomados quando a dor ainda está começando a se desenvolver e muitas vezes podem ser eficazes, levando em conta a gravidade da dor.

Para os que sofrem dos ataques mais graves de enxaqueca, os médicos acabam por prescrever medicamentos conhecidos como triptanos, que agem invertendo a dilatação dos vasos sanguíneos do cérebro e são recomendados apenas para quando a dor atingir o seu auge.

Dor inflamatória crônica

Esse tipo de dor afeta um em cada cinco adultos, sendo a osteoartrite (artrite degenerativa) o tipo mais comum. Essa dor é uma inflamação crônica causada nas articulações artríticas, sendo mais típica no joelho ou quadril. Quando a cartilagem e os ossos próximos a ela se degeneram, as articulações inflamam, desencadeando esse tipo de dor. O analgésico eficaz para esse caso são os que contêm paracetamol.

Para os casos mais intensos, AINEs como o naproxeno podem ser mais eficazes. Porém, a utilização habitual desse tipo de medicamento pode aumentar o risco de efeitos colaterais, tais como hemorragia e úlceras no estômago. Analgésicos como morfina, ou semelhantes, também podem ser prescritos, mas são bem menos comuns para esse tipo de dor. 

A dor do câncer

A maioria das dores do câncer é causada pelos tumores que se pressionam sobre os ossos, nervos ou órgãos do corpo. A dor também pode ser consequência de um tratamento feito por quimio ou radioterapia. Analgésicos semelhantes à morfina são tomados regularmente pelos pacientes e, muitas vezes, em combinação com paracetamol. São sempre prescritos pelos médicos, para tratar as dores moderadas ou crônicas. No entanto, para as dores oncológicas que envolvem os nervos, o médico provavelmente irá adicionar um analgésico para tratamento de dores neuropáticas.

[ The Conversation / Exame / JM Online / PDG ] [ Foto: Reprodução / Flickr / Pixabay ]

Jornal Ciência