Universo pode ter muito mais buracos negros do que imaginamos, de acordo com cientistas

de Merelyn Cerqueira 0

A primeira evidência real que confirmou a existência das chamadas ondas gravitacionais deixou os cientistas a pensar sobre o que, realmente, nosso Universo é feito.

Além disso, uma equipe internacional de pesquisadores agora está considerando que podem haver no espaço, um número muito maior de buracos negros do que anteriormente se acreditava. Essa previsão, feita com base em um complexo modelo matemático do cosmos, se for confirmada no futuro, poderá ajudar a detectar muito mais ondas gravitacionais que estão ondulando em direção a Terra.

Segundo os pesquisadores, poderemos detectar a fusão de até 1.000 buracos negros por ano, uma vez que os scanners de ondas gravitacionais estiverem funcionando de forma confiável, para monitorá-las com maior sensibilidade. Isso é relevante porque, até o momento, a ciência conseguiu detectar essas ondas apenas duas vezes.

O Universo não é o mesmo em todos os lugares”, disse o coautor do estudo, Richard O’Shaughnessy, do Instituto de Tecnologia de Rochester, em Nova York. “Alguns lugares produzem muito mais buracos negros binários do que outros. Nosso estudo leva em cuidadosa consideração essas diferenças”. Segundo ele, o novo estudo inclui alguns dos cálculos mais detalhados do tipo, já realizados. Apesar da falta de certeza sobre a precisão do modelo, uma primeira detecção de ondas gravitacionais já foi feita, ainda em fevereiro deste ano.

Os buracos negros do tipo binários são maiores do que os normais e formados a partir de estrelas antigas mais massivas do que o nosso Sol – cerca de 40 a 100 vezes maiores – que “queimam” uma forma pura de hidrogênio.

De acordo com os novos cálculos, esses buracos supermassivos têm uma taxa de rotação constante – suas órbitas permanecem em um único plano. Embora os efeitos de uma colisão ou colapso não pareçam afetar o seu posicionamento, elas podem ter uma certa influência sobre as órbitas dos buracos negros menores.

“O LIGO [Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser], que começou a operar em 2002, não vai ser capaz de ver 1000 buracos negros como esses a cada ano, mas eles poderão ser vistos por meio de um instrumento e técnicas melhores”, disse O’Shaughnessy. Em outras palavras, isso pode ser apenas o começo.

No momento, o modelo está sendo compartilhado com outros astrônomos especialistas em ondas gravitacionais para que eles o incluam em seus próprios estudos. A pesquisa, no entanto, foi publicada recentemente pela revista Nature.

[ Foto: Reprodução / NASA ]

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