Sêmen pode proteger as abelhas de doenças sexualmente transmissíveis na colmeia

de Bruno Rizzato 0

O mel tem demonstrado propriedades antimicrobianas muito interessantes, porém, verifica-se que este pode não ser o único líquido que as abelhas produzem com habilidades para matar patógenos.

Uma pesquisa acredita que sêmen de zangões possui anticorpos que ajudam a defender os insetos de uma doença sexualmente transmissível, potencialmente mortal, que os machos podem transferir às rainhas quando acasalam.

Uma equipe de pesquisadores do Centro Integrado de Pesquisa de Abelhas da Universidade da Austrália Ocidental, descobriu que, aparentemente, o sêmen pode matar os fungos Nosema apis de duas maneiras diferentes. Proteínas encontradas no fluido seminal poderiam germinar os esporos fúngicos, alterando o ciclo de vida do fungo, enquanto uma outra molécula simplesmente mataria os esporos de forma definitiva.

Os pesquisadores acreditam que o sistema imunológico das abelhas é muito mais complexo do que se pensava, e possibilitaria o desenvolvimento de colônias de abelhas muito resistentes aos patógenos atuais, que causam grandes baixas às espécies.

As abelhas são afetadas por vários patógenos diferentes, mas o fungo Nosema apis é particularmente interessante. As abelhas são normalmente infectadas quando entram em contato com outras abelhas que estão carregando os esporos do fungo, mas também foi descoberto que o patógeno pode ser transmitido sexualmente. Normalmente, abelhas rainhas acasalam com vários zangões, desse modo ocorreria a transferência da doença, que não acontece com muita frequência. Mas para tentar proteger as populações de abelhas contra isso, o sêmen começou a apresentar algumas propriedades antimicrobianas.

Os pesquisadores descobriram esta característica especial ao tentar compreender o declínio da fertilidade das abelhas australianas. O continente isolado é de vital importância para a saúde global dos insetos, pois é o único continente (com exceção à Antártida) em que o mortal ácaro Varroa destructor, ainda não chegou. Porém, este isolamento também tem seu lado negativo, deixando as abelhas que vivem na Austrália “puras”. Acredita-se que este poderia ser o motivo que ocasionou sua queda na fertilidade.

De acordo com o estudo, publicado na revista Proceedings, da Royal Society B, os pesquisadores utilizaram uma técnica inofensiva para coletar o sêmen dos zangões, através de sua captura e da contração de seus abdomens. A descoberta de propriedades antimicrobianas destaca o quão complicado pode ser o sistema imunológico das abelhas, ainda incompreendido.

O fato de que estas proteínas existem no fluido seminal pode oferecer aos pesquisadores uma maneira fácil de ver como as abelhas combatem a infecção, facilitando os estudos e dando uma visão de como poderíamos produzir abelhas resistentes ao Varroa destructor.

Fonte: Science Alert Foto: Reprodução / Wikipédia

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