Saiba o que está por trás das misteriosas sociedades das abelhas

de Gustavo Teixera 0

Uma colmeia de abelhas é interessante e seu funcionamento é bem curioso.

Dentro de uma colmeia, existem milhares de abelhas geneticamente semelhantes. Além disso, cada abelha tem uma função: enquanto algumas voam em busca de pólen e néctar, outras são designadas para nutrir a rainha e seus ovos. Durante muito tempo, cientistas acreditaram que as abelhas assumiam novas tarefas à medida que iam envelhecendo, mas recentemente, uma equipe de pesquisadores descobriu que o DNA das abelhas exerce um fator importante na determinação de suas funções e tarefas.

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Segundo a bióloga Gro Amdam, da Universidade Estadual do Arizona, Estados Unidos, as marcas químicas existentes nas abelhas controlam os genes e, consequentemente, definem o comportamento delas, mas tanto o comportamento quanto as marcas podem ser reversíveis. Por exemplo, se a colmeia necessitar, uma abelha cujo trabalho é trazer o alimento pode se tornar uma enfermeira.

Florescência

As abelhas que se transformariam em enfermeiras viram provedoras de alimentos para explorar o aumento de alimento disponível na estação de florescência. Isso ocorre devido a mudanças em suas marcas epigenéticas.

População

Em uma colmeia, existem de 10.000 a 50.000 abelhas operárias, sendo que 30% delas são provedoras de alimento, mas o número de provedoras pode aumentar ou diminuir dependendo dos fatores ambientais externos.

Efeito enxame

Quando envelhece, a abelha rainha foge com um enxame de abelhas composto principalmente de enfermeiras. Elas fazem isso para deixar a colmeia para as sucessoras. Após essa mudança, as abelhas “sobem” de cargo. Algumas provedoras de alimento passam a ser abelhas enfermeiras.

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Segundo resultados de um experimento feito em laboratório, apenas 10% das abelhas provedoras de alimento se tornam enfermeiras após metade da população da colmeia ser removida. Segundo os cientistas, o que impede essa mudança de posição é a fragilidade: as provedoras precisam ser frágeis, assim não trazem toxinas ou infecções para dentro de colmeia, pois, se forem infectadas, morrem antes de voltar.

Rainha

Quando uma rainha fica doente ou envelhece, as abelhas enfermeiras alimentam-na com uma geleia de ácidos graxos e proteínas que elas mesmas produzem. Este tipo de alimentação faz com que os ovários da rainha se desenvolvam, como resultado, ela produz milhares de óvulos geneticamente semelhantes.

Enfermeiras

Conforme já citado no texto, as abelhas enfermeiras são as que cuidam da rainha e de suas respectivas larvas. Elas fazem isso limpando células de cera para os ovos da rainha e também alimentando as larvas com pólen e mel.

Provedoras de alimento

As provedoras de alimento saem da colmeia e vão atrás de pólen, néctar e água, sempre utilizando o Sol como bússola.

Zangão

O zangão é um macho cujo trabalho é fertilizar os ovos da rainha.

Marcação genética

A marcação genética é realizada por enzimas que ajudam a transferir as marcas epigenéticas das abelhas para o DNA delas. Os cientistas acreditam que os feromônios tenham um papel importante para esse processo acontecer. Já a quantidade de genes expressos – ou mesmo se o gene será expresso – é determinada pelos marcadores epigenéticos.

O tipo de proteína é determinado pelas marcas dos pedaços de genes montados na transcrição do RNA. Por exemplo, uma proteína produzida pela abelha enfermeira tem diferentes funções de uma produzida pela provedora.

Na imagem a seguir, pode-se ver o processo da mudança de cargo de uma abelha: ela começa com alguns códigos de DNA; depois se transforma em abelha provedora, mas a remoção desse código de DNA realizada posteriormente faz com que ela se transforme, finalmente, em enfermeira.

[ Popular Science ] [ Fotos: Reprodução / Popular Science ]

Jornal Ciência