Espécie de abelha troca as colmeias tradicionais por rochas

de Merelyn Cerqueira 0

Os cientistas descobriram uma nova espécie de abelha que faz a sua casa através da mastigação de rocha sólida. A espécie, chamada de Anthophora pueblo, foi detectado pela primeira vez há cerca de 40 anos nos desertos do sudoeste dos Estados Unidos. Porém, depois de encontrar novos ninhos, entomologistas já as identificaram como uma nova espécie.

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Através da mastigação, as abelhas criam o seu esconderijo. Essa prática intrigou especialistas que se perguntam por que elas vão a tais extremos para construir casas.

Pesquisadores da Universidade Estadual de Utah, precursores que identificaram a espécie, acreditam que podem existir benefícios em viver em uma fortaleza impenetrável. Para eles, as tocas de arenito são um investimento a longo prazo, que não só oferece proteção contra os elementos da natureza, mas também podem ser reutilizadas pelas novas gerações. 

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De acordo com um artigo publicado na revista Current Biology, a equipe, liderada por Michael Orr, da Universidade Estadual de Utah, explicou que, “o deserto é um lugar difícil de viver. Anthophora pueblo foi pioneira em fazer a escolha entre uma rocha e um lugar difícil“. Dr. Orr analisou as amostras do ninho escavado, em 1979, em Utah, pelo entomologista Frank Parker. O grupo retornou ao local recentemente e descobriu novos ninhos das abelhas nas rochas de arenito, semelhantes aos de Utah, em Nevada, Colorado e na Califórnia. 

Estudar o arenito revelou que as abelhas recolhem água e a utilizam para enfraquecer os cristais de carbonato de cálcio, que cimenta o sedimento da rocha, permitindo a mastigação mais fácil. De acordo com a equipe responsável, entre os túneis haviam pequenas larvas, com a altura e composição rochosa, diminuindo o risco de parasitas e perigo de inundações.

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Além do mais, todos os ninhos foram encontrados perto de fontes de água. Um dos pesquisadores relatou que é possível aprender sobre os animais através desse tipo de sistema. “As mudanças climáticas podem afetar seriamente essa abelha. Como desertos devem tornar-se mais quentes e secos, isso0 reduziria a água de que dispõe, o que limitaria ainda mais a sua distribuição”, completa.

 Ao estudar as espécies de abelha do mundo, foram descobertos habitats diferentes das tradicionais colmeias. “Eu acho que uma das melhores coisas sobre este projeto, para mim, é que ele mostra o quanto temos deixado de aprender sobre o nosso mundo”, comenta Sr. Orr.

Mesmo com tudo o que eu aprendi sobre Anthophora pueblo, ainda há dúvidas sobre isso que me deixa acordado durante a noite, esse tipo de emoção é o motivo pelo qual eu sou um cientista. Eu me considero muito sortudo por trabalhar com uma espécie como esta“, completa.

[ Daily Mail ] [ Fotos: Reprodução / Daily Mail ] 

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