Pesquisadores exumam esqueleto de cantor de ópera do século 19 que havia sido castrado

de Merelyn Cerqueira 0

Até o final de 1800, uma prática controversa era realizada em homens cantores de ópera a fim de preservar suas vozes em meio-soprano. 

Eles eram castrados antes de atingir a puberdade, e assim, as vozes não mudavam até a fase adulta. Obviamente que essa castração precoce também tinha efeitos sobre o desenvolvimento corporal masculino.

E um novo estudo, realizado em um esqueleto do século 19, pertencente a um dos mais famosos cantores à época, Gaspare Pacchierotti, comprovou isso. 

Pesquisadores da Universidade de Pádua, na Itália, exumaram o corpo de Pacchierotti para entender mais sobre esses cantores, conhecidos como “Castrati – em italiano”.

Os restos então, foram levados para o laboratório do Museu de Anatomia Patológica da universidade, onde foram realizadas tomografias computadorizadas e exames de raios-X.

Até o momento, apenas um esqueleto de Castrati havia sido examinado, o de um cantor chamado Carlo Maria Michelangelo Nicola Broschi, que atendia pelo nome artístico de Farinelli.

Castrati-Gaspare-Pacchierotti

Os Castrati eram “frequentemente muito mais baixos do que os outros homens, com um grande peitoral em forma de barril, laringe infantil e pernas longas e finas”, conforme explicaram os investigadores em um artigo publicado recentemente na Scientific Reports. Os ossos de Pacchierotti confirmaram que ele tinha pouco mais de 1,80 m de altura.

 A análise nos ossos mostrou a presença de linhas epifisárias nas cristas ilíacas, que tipicamente são fundidas aos 23 anos de idade e desaparecem quando o homem passa dos 35.

Além disso, tomografias revelaram fraturas vertebrais, devido aos movimentos contínuos de exercícios de cabeça e pescoço durante o canto, e densidade óssea reduzida, que, de acordo com os pesquisadores, são resultantes dos efeitos hormonais da castração.

Estas condições podem ser consideradas como um marcador ocupacional para os cantores, como foi confirmado pela situação da coluna vertebral de Pacchierotti.

Estes resultados são muito significativos, porque, pela primeira vez, elas puderam ser observadas nos restos de um Castrati”, escreveram os pesquisadores.

Eles também encontraram outras mudanças em seu corpo e ossos, incluindo modificações na inserção de três músculos respiratórios, que comumente trabalham para elevar algumas costelas e ajudar na respiração.

Apesar de sua castração e condição óssea, os investigadores afirmaram que o famoso cantor, que morreu aos 81 anos de idade, ainda “teve muitos relacionamentos amorosos durante a sua vida”.

[ Fonte: Daily Mail ] [ Fotos: Reprodução / Daily Mail ]

Jornal Ciência