O que de fato sabemos sobre a existência de Jesus Cristo?

de Merelyn Cerqueira 0

A maioria dos historiadores e teólogos, cristãos e não-cristãos, de fato acreditam que Jesus Cristo realmente caminhou sobre a Terra.

A conclusão disso foi feita a partir de evidências textuais escritas na Bíblia, muito mais do que a variedade de relíquias físicas encontradas em igrejas por toda Europa. Isso porque, esses fragmentos textuais escritos em pedaços de pergaminhos ou madeiras, superam as evidências físicas que resistem a uma análise científica, conforme reportado pela Live Science.

Indo além das descobertas associadas a truques publicitários, há um consenso geral sobre a falta de provas materiais. Até mesmo a relíquia religiosa mais famosa do mundo, o Sudário de Turim, considerado por muitos como o pano que cobriu o corpo de Jesus durante seu enterro, foi cientificamente considerada uma farsa.

O tecido supostamente mostrava um negativo do corpo. No entanto, por meio de um processo de datação por radiocarbono, o Sudário foi associado ao século 14, diferente ao tempo reportado como o da passagem de Cristo. Além disso, pesquisadores descobriram em registros históricos datados em 1930, escritos por Dom Pierre d’Arcis da França, que reivindicava a autoria da imagem, como um pano “astuciosamente pintado”. No entanto, a própria Igreja Católica não apoia oficialmente o Sudário de Turim como autêntico, embora, muitos dos fiéis, incluindo o Papa Bento XVI, indicaram que, pessoalmente, acreditam em sua santidade.

Santo-Sudario-ou-Sudario-de-Turim

Mais recentemente, setenta livros feitos de metal, alegadamente encontrados em uma caverna na Jordânia, foram saudados como os primeiros documentos cristãos. Datados como póstumos a morte de Jesus, os chamados ‘códices de chumbo’ (porque estão escritos em códigos e sobre o chumbo), foram considerados por estudiosos como a descoberta arqueológica mais importante da história. Os cristãos, no entanto, atestam as obras como prova física da existência real de Jesus.

Entretanto, segundo reportado pela Life’s Little Mysteries, os códices também são falsos. Na verdade, trata-se de mistura de dialetos e imagens anacrônicas, provavelmente forjadas acerca de 50 anos atrás. “A imagem que eles estão dizendo ser Cristo é o deus-sol Hélios, de uma moeda que veio da ilha de Rodes”, disse o arqueólogo Peter Thonemann, de Oxford, à imprensa. “Há também algumas inscrições confusas em hebraico e grego”. Segundo a arqueóloga Kimberly Bowes da Universidade da Pensilvânia, EUA, essas falsas relíquias cristãs são bem comuns porque há uma urgência em encontrar evidências físicas dos dois primeiros séculos do Cristianismo.

De acordo com o evangelho, antes de Jesus ser crucificado, os soldados romanos colocaram uma coroa de espinhos sobre a sua cabeça, como uma forma dolorosa de zombaria sobre sua soberania. Dessa forma, muitos cristãos acreditam que o instrumento de tortura existe até hoje e que suas peças estão espalhadas por toda Europa. Uma coroa quase completa está disposta na Catedral de Notre-Dame de Paris, e segundo a história documentada, ela teria sido feita há pelo menos 16 séculos. No entanto, há quem diga que ela é na verdade um aro de escova e completamente desprovida de espinhos.

Dessa forma, até o momento, o melhor argumento em favor da existência de Jesus ainda é a Bíblia Sagrada, mais especificamente entre os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João, considerados um dos quatro discípulos de Cristo. Há ainda outros Evangelhos, não canonizados, mas escritos por quase-contemporâneos de Jesus. Neles, muitos detalhes divergem sobre sua vida e morte, mas por meio de relatos em comum, estudiosos bíblicos chegaram ao perfil geral de Jesus, o homem. “Embora alguns livros recentemente argumentem que Jesus nunca existiu, a prova de que ele realmente passou pela Terra é persuasiva para a grande maioria dos estudiosos, cristãos ou não cristãos”, disse o estudioso, autor e professor Marcus Borg, da Universidade Estadual de Oregon, EUA, à Live Science.

Um dos Manuscritos do Mar Morto, o rolo da Torá Preceitos, fornece instruções religiosas aos membros da fé judaica, e inclui um calendário hebraico, as leis religiosas (chamado halakhot) e informações sobre o Templo e seus rituais.
Um dos Manuscritos do Mar Morto, o rolo da Torá Preceitos, fornece instruções religiosas aos membros da fé judaica, e inclui um calendário hebraico, as leis religiosas (chamado halakhot) e informações sobre o Templo e seus rituais.

Segundo ele, Jesus nasceu em algum momento, pouco antes de 4 a.C., e cresceu em Nazaré, uma pequena aldeia na Galileia. Pertencente a uma classe camponesa, ele se tornou um carpinteiro, o que significa que, em algum ponto, ele acabou perdendo suas terras agrícolas. Nascido judeu, ele permaneceu assim por toda a sua vida, e nunca teve a intenção de criar uma nova religião, agindo dentro do judaísmo.

Logo, quando adulto, deixou Nazaré e encontrou o profeta João, que o batizou. Durante seu batismo teria experimentado algum tipo de visão divina. Pouco tempo depois, começou a reunir seus seguidores pregando mensagens de Deus. Teria se tornado professor, profeta e curador. Eventualmente, foi executado a mando de uma autoridade imperial romana, juntamente com seus seguidores. No entanto, de acordo com Borg, somente após sua morte é que foi declarado como “senhor” ou “filho de Deus”.

[ Live Science ] [ Foto: Reprodução / Wikipédia / Live Science ]

Jornal Ciência