Cientistas encontram solução que pode ajudar na luta contra as superbactérias

de Merelyn Cerqueira 0

Utilizando nanopartículas ativadas por luz, pesquisadores foram capazes de matar cerca de 90% das bactérias mais resistentes

A resistência bacteriana aos antibióticos é um problema crescente em todo o mundo e é responsável por cerca de 2 milhões de infecções por ano só nos Estados Unidos, o que pode levar a aproximadamente 23 mil mortes. Mas um novo tratamento desenvolvido por pesquisadores da Universidade do Colorado, em Boulder, descobriu um meio de fornecer uma solução mais eficaz contra as superbactérias – como a Salmonella, E. Coli e Staphylococcus -, com base em testes realizados em laboratório.

O tratamento consiste em utilizar nanopartículas terapêuticas de luz ativada, chamadas de “pontos quânticos”. Essas partículas são extremamente pequenas (20 mil vezes menores do que um cabelo humano) e lembram um pouco os semicondutores utilizados em equipamentos eletrônicos. Quando acionadas pela luz, provaram-se capazes de destruir as células bacterianas resistentes a antibióticos.

Nos testes realizados em uma cultura de bactérias cultivada em laboratório, as nanopartículas mataram 92% das células bacterianas, enquanto não causaram nenhum dano às células saudáveis.

Segundo Prashant Nagpal, autor responsável pelo estudo publicado pela revista Nature Materials: “Ao diminuir estes semicondutores até a nanoescala, fomos capazes de criar alterações altamente específicas dentro de um ambiente celular que é alvo de infecção”.

No entanto, essa não é a primeira vez que nanopartículas são testadas no combate às bactérias. Uma pesquisa anterior revelou que nanopartículas metálicas foram eficazes contra as infecções mais resistentes a antibióticos, mas com um custo: diversos danos foram causados às células circundantes que não estavam infectadas.

Indo na contramão disso, os pontos quânticos desse novo estudo podem ser adaptados a infecções específicas devido a sua ativação por meio da luz. Essas nanopartículas não funcionam na ausência de luz, mas quando provocadas por ela, podem efetivamente fazer das células infectadas os seus alvos.

A descoberta promete ser eficaz para o tratamento de infecções bacterianas, assim como AIDS e câncer, mas ainda há muito trabalho a ser feito para que a tecnologia possa ser usada com segurança em seres humanos.

“Já sabemos que as superbactérias podem se adaptar a diversos tipos de tratamento, mas agora nós também podemos. Adaptando os pontos quânticos podemos chegar a um novo tipo de terapia e acompanhar as bactérias nesta corrida evolucionária”, concluiu Nagpal.

Fonte: Nature Materials

Jornal Ciência