Ainda neste ano, a Universidade de São Paulo (USP) deve abrir o Centro de Pesquisas em Canabinoides. Este centro será o primeiro no Brasil dedicado a pesquisas relacionadas a derivados da maconha.
“A criação desse Centro foi uma decorrência natural do desenvolvimento de uma linha de pesquisa com o canabidiol”, disse o professor da USP e coordenador do centro Antonio Waldo Zuardi, em uma entrevista para o site EXAME.com.
De acordo com o profissional, esta área já possui 40 anos e que testes clínicos devem ser iniciados. Além disso, o centro oferecerá melhores condições para a realização do estudo.
O novo local será parte da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP. Ele é fruto do elo entre a universidade e a farmacêutica Prati-Donaduzzi. “A empresa deverá financiar a construção do prédio, desenvolver um produto em grau farmacêutico contendo o canabidiol e financiar os ensaios clínicos”, explicou Zuardi.
A construção do local foi licitada recentemente e sua construção pode ficar pronta ainda em 2017. Porém, não há certeza de quando ele estará em pleno funcionamento. A farmacêutica terá outras funções, como fornecer o canabidiol puro para os testes. A Anvisa liberou a importação de remédios feitos a partir da substância.
“O primeiro estudo de grande porte será um ensaio clínico duplo-cego, com o objetivo de avaliar os efeitos terapêuticos e adversos do canabidiol, em adição às medicações em uso por crianças e adolescentes com epilepsia refratária aos medicamentos habituais”, explicou o profissional. Segundo ele, o processo já foi aprovado pelo Comitê de Ética e só necessita da liberação da Anvisa para que sejam dados os primeiros passos.
Com base na experiência do professor, é preciso ter cautela com o uso medicinal da planta “in natura”, ou seja, o consumo sem ser na forma de medicamento. “Foram identificados mais de 80 canabinoides na maconha, com atividades diversas e por vezes até opostas, cujas concentrações são variáveis”, comentou.
Zuardi explica que razões como espécie, cultivo e condições climáticas podem modificar o nível de concentração das substâncias. “Assim, para o uso médico seria preferível usar-se os canabinoides puros, o que torna possível o uso do canabinoide e da faixa de dose correta para cada indicação”.
[ USP ] [ Foto: Reprodução / Jornal Ciência ]