Álcool prejudica o cérebro mais do que a maconha, sugere estudo

de Merelyn Cerqueira 0

Ao contrário das bebidas alcoólicas, a maconha não afeta o tamanho ou integridade da matéria branca ou cinzenta do cérebro, mesmo depois de anos de exposição, segundo um novo estudo.

Enquanto a matéria cinzenta permite que o cérebro funcione, a branca faz a comunicação entre os neurônios. Logo, os cientistas concluíram que o álcool é mais prejudicial para o cérebro do que a maconha, embora os estudos sobre os efeitos mentais da maconha ainda sejam muito limitados. As informações são do Daily Mail.

“Embora a maconha também possa ter algumas consequências negativas, elas definitivamente não chegam nem perto das do álcool”, disse o autor do estudo, Professor Kent Hutchison, da Universidade do Colorado Boulder.

Segundo a principal autora do estudo, Rachel Thayer, ainda há muito sobre o uso da maconha que a ciência não sabe. “Não há consistência nos estudos”, disse ela.

“Quando você olha as pesquisas muito mais de perto, você vê que muitas delas provavelmente não são precisas”, acrescentou o professor Hutchison.

“Quando você olha esses estudos de anos, vê que alguns informam que o uso de maconha está relacionado a uma redução no volume do hipocampo [uma região do cérebro associada à memória e emoções]. No entanto, outro estudo sugere que o uso de maconha está relacionado a mudanças no cerebelo”.

“O ponto é que não há consistência em todos esses estudos em termos das estruturas cerebrais reais”, acrescentou. “Ainda temos muito trabalho a fazer”.

Embora as descobertas pareçam positivas, os pesquisadores também acrescentam que há um longo caminho a percorrer antes que a maconha seja legalizada no mundo. Eles afirmam estar mais preocupados com a forma como a droga afeta pessoas de diferentes idades, gerencia a dor e causa dependência.

“Considerando tudo o que está acontecendo no mundo real, em relação ao movimento de legalização, ainda temos muito trabalho a fazer”, disse Hutchison.

Para o estudo, os pesquisadores analisaram 853 adultos com idades entre 18 e 55 anos, além de 439 jovens entre 14 e 18 anos. Eles verificaram o consumo de álcool e maconha dos participantes por um período de 30 dias. Então, foram realizadas varreduras de ressonância magnética dos cérebros dos participantes.

Verificou-se que a maconha reduziu o risco de epilepsia em quase 50% dos participantes, o que está em acordo com pesquisas publicados no começo do ano, que descobriram que uma droga derivada da Cannabis sativa reduziu o risco de epilepsia em pacientes com a síndrome de Lennox-Gastaut, uma condição que causa lapsos no tônus muscular em crises que duram cerca de 15 segundos.

“São necessárias desesperadamente opções de tratamento para os pacientes que continuam a lutar contra crises incontroladas e esses resultados oferecem esperança muito necessária aos que vivem com essa condição debilitante”, disse Christina SanInocencio, diretora executiva da Fundação da Síndrome de Lennox-Gastaut, na ocasião.

A droga em questão, conhecida como Epidiolex, é feita à base de canabidiol, uma substância química que é pensada possuir uma gama de benefícios medicinais, incluindo no tratamento de enxaquecas, psoríase, acne e depressão.

Fonte: Daily Mail Foto: Reprodução / Jornal Ciência

Jornal Ciência