Túmulo de faraó é descoberto em uma das cidades mais antigas do Egito

de Merelyn Cerqueira 0

A oeste do Nilo, em um dos mais importantes sítios arqueológicos do Egito, arqueólogos desenterraram um “túmulo-barco” real, que pode ter pertencido ao faraó Sesóstris III, considerado um dos mais poderosos governantes do Médio Império Egípcio.

A câmara, de 3.800 anos, apresenta uma frota de 120 barcos antigos gravados como desenhos nas paredes interiores. Além disso, contém restos de um barco de madeira, o que significa que a prática antiga de os enterrar próximo à realeza ainda estava vigente em 1840 a.C. De acordo com o arqueólogo Josef Wegner, da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, a princípio, a equipe acreditava que fosse apenas um túmulo. “Ficamos bastante mistificados”, disse em entrevista à National Geographic.

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O grande salão subterrâneo, que uma vez teria uma extensão de 21 metros de comprimento por 4 m de largura, foi observado pela primeira vez em 1901, debaixo da antiga cidade de Abydos, quando arqueólogos notaram seu telhado sob a areia. No entanto, quando o mesmo desabou durante uma escavação, o projeto foi abandonado.

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Nos últimos dois anos, Wegner e sua equipe trabalharam para salvar as ruínas, onde encontraram mais de 100 vasos feitos de cerâmica, provavelmente para transportar uma grande variedade de líquidos, conforme relataram os pesquisadores.

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No entanto, o maior interesse da equipe eram as gravuras de barco feitas na parede, que sobreviveram a quase quatro milênios abaixo do solo. Também havia figuras de gado, gazelas e desenhos florais, ocasionalmente intercaladas entre os barcos. Destes, alguns com até 1,5 m de altura, claramente pode-se distinguir mastros, velas, aparelhamento, decks, cabines, lemes, remos e remadores.

Não ficou claro para os pesquisadores se as representações correspondem à frota do faraó ou se são apenas barcos aleatórios. Nesta fase, segundo eles, não tem como saber quem foi responsável por esculpi-los nas paredes. No entanto, o método exemplifica uma longa tradição de enterrar barcos junto a complexos funerários.

Os pesquisadores relataram que o túmulo em barco está a localizado a cerca de 65 metros a leste da entrada do complexo funerário de Sesóstris III, e apresenta tijolos “idênticos em tamanho e composição aos utilizados nas paredes e outras características do recinto do túmulo do faraó”.

Enquanto a madeira usada para construí-lo foi há muito roubada ou apodrecida – exceto por algumas tábuas salvas pelos arqueólogos – o fato é que o faraó gostava de manter seus tesouros para a vida após a morte. As descobertas foram relatadas no International Journal of Nautical Archaeology.

Sesóstris III

Considerado o governante mais poderoso da 12ª Dinastia do Antigo Egito, estendeu seu domínio de Núbia para regiões do sul. Sesóstris III, preferiu esconder seus túmulos no subterrâneo ao invés de exibi-los em gigantes pirâmides como fizeram seus antepassados.

De acordo com o Museu Metropolitano de Arte, dos EUA (MET), o rosto de Sesóstris III é um dos mais individuais e reconhecíveis de toda a arte egípcia. “Os profundos e pesados olhos, lábios finos e a série de sulcos diagonais marcando as bochechas dão a este rei uma expressão emburrada, que não é comumente encontrada nos rostos dos reis egípcios, que geralmente são representados com um semblante mais jovem”.

Sua imagem é um dos poucos exemplos na arte egípcia em que o governante parece conscientemente ter escolhido representar sua humanidade ao invés de uma imagem idealizada da realeza eterna”.

[ Science Alert ] [ Fotos: Reprodução / Science Alert ]

Jornal Ciência